

Christian Pruks
christian@avmag.com.br
Eu sempre digo que eu não sou colecionador, sou ouvinte de música. Já me desfiz de excelentes e raros LPs porque não era música que me interessava, que eu queria ouvir – e os LPs que estão atualmente em minha prateleira (catalogados por ‘música boa’, ou seja, ‘tudo junto’), esses eu ouço e gosto de todos.
A mente do colecionador é algo que eu nunca consegui entender completamente. Um exemplo de anos atrás, que me deu um nó na cabeça, foi um amigo que colecionava equipamentos vintage, e tinha quatro amplificadores do mesmo modelo – e quando eu sugeri que ele me vendesse um dos integrados, ele ficou legitimamente ofendido, e não foi pouco. Por isso acho, até hoje, o colecionismo um ‘hobby’ complicado…
Acompanho o mercado de discos de vinil, no mundo e no Brasil – por vários motivos, inclusive pelo fato de eu ter uma pequena lista de discos que ainda me interessa adquirir.
Nos últimos dois ou três anos, tenho ficado chocado com os preços dos LPs novos e também usados, com tiragens boas do chamado ‘importado de época’ (discos dos primeiros anos da tiragem original) pulando de preços por volta de 100 reais, para equiparar – repentinamente – o preço dos importados atuais, chegando à valores como 200 ou 300 reais. Isso os torna perfeitamente proibitivos para mim, pois ultrapassa o que eu acho que valem…
Esta semana, tomei dois choques que me deixaram bestificado. O primeiro foi um comerciante de LPs usados que pegou um lote de discos de rock em prensagem japonesa ‘de época’, e estava praticando preços de 700 a R$800 cada um! E as pessoas aparentemente acharam ‘normal’.
Eu acho insano!
O segundo choque foi uma cópia do The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, ‘importado de época’ – ou seja, da década de 70 – em perfeito estado, ainda lacrado. Essa pérola está sendo vendida por R$1.200!!! O mais legal foi ver que, no eBay, nos EUA, tem gente vendendo o mesmo disco lacrado por quase US$1.000!!! É de cair de costas…

Eu não me importo com a ‘lei da oferta e da procura’ – eu me importo com a ‘lei da decência e da ganância’ – e com o quanto isso tudo faz mal para o mercado e os fãs de discos de vinil.
Pouco tempo atrás, comprar alguns dos LPs que eu gosto por causa da música já estava se tornando uma aventura que precisa de análise de crédito por um banco credenciado, imagine agora!
Está chegando perto de ser interessante vender a coleção de vinil, pagar a dívida do terceiro mundo com o Banco Mundial, e usar o troco para comprar diamantes – ou para partir para outra faceta insanamente cara do mundo maravilhoso da audiofilia: fitas de rolo cópias de Master!
Bom outubro a todos!
Aceito doações de vinil ‘para acabar com a fome mundial’, em: christian@avmag.com.br.