

Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br
Existem testes que sabemos que irão mexer com muitos que vivem dizendo que cabos não passam de ‘óleo de cobra’.
Outro dia, um jovem leitor me questionou o significado deste termo, usado pelos objetivistas para desdenhar pejorativamente de cabos na audiofilia
Tive que explicar ao leitor, que este termo se refere aos inúmeros produtos farmacêuticos produzidos e vendidos no séculos 18 e 19 como elixires para saúde, contra queda de cabelo, afrodisíacos, para pedra na vesícula e inúmeros outros benefícios, sem nenhuma comprovação científica ou de eficácia.
E os objetivistas usam e abusam deste termo para ‘desdenhar’ de cabos (quanto mais caros, maior será a indignação).
Eu posso descrever quantas vezes me deparei com objetivistas raivosos, em nossos Cursos de Percepção Auditiva, duvidando que pudéssemos mostrar para 60 pessoas presentes na sala, a diferença na reprodução de transientes entre vários cabos digitais.
Afinal, para todo objetivista, se um cabo digital não estiver com defeito, será algo corriqueiro transmitir os ‘zeros’ ou ‘uns’, não podendo de maneira alguma haver diferenças audíveis entre eles.
E não só mostrávamos, com a famosa faixa três do grupo mineiro Uakti, do CD I Ching, como detalhávamos o que precisavam observar para compreender o erro na reprodução dos transientes, com a marcação de tempo do triângulo em relação às percussões. E como, no cabo digital com problema na reprodução dos transientes, a impressão auditiva era que o triângulo hora atrasava o tempo e hora adiantava em relação às percussões.
Fazendo nosso cérebro ficar correndo atrás, para não perder a atenção.
E, como em um ‘passe de mágica’, nos cabos digitais com transientes corretos, a precisão era espantosa, tanto em termos de andamento, como de marcação de tempo forte e fraco.
A questão é saber exatamente o que precisamos notar e usar, obviamente, os exemplos corretos para essas avaliações.
Porém, a maioria dos audiófilos só se preocupa com o básico: grave, médio, agudo, e se o palco sonoro é convincente. E nada mais. Aí fica difícil entender que a reprodução musical em alta fidelidade é muito mais que grave, médio e agudo e palco sonoro.
Então, meu amigo, já sei que publicar a avaliação de um cabo Ethernet caro, irá reacender as tochas dos objetivistas – e os vejo marchando e gritando seus slogans novamente contra a revista e contra mim.
Faz parte… Então vamos ao que interessa.
Não tenho certeza, mas acredito ser este o primeiro teste mundial do novo cabo de rede top de linha da Dynamique Audio, o Apex.
Todo leitor assíduo sabe que os cabos Dynamique Audio linha Apex, são as minhas referências há um bom par de anos. E sabem exatamente o motivo porque os uso: possuírem uma assinatura sônica neutra, algo primordial para a nossa Metodologia e avaliação de equipamentos.
Fiquei muito feliz, pelo fato de, nos nossos últimos dois Workshops, diversos participantes ao final das apresentações manifestarem que conseguiram entender o uso de cabos – neutros – na apresentação, pois assim puderam desfrutar e perceber as diferentes assinaturas sônicas dos sistemas mostrados.
Os Workshops são importantes exatamente por darem a oportunidade aos nossos leitores de comprovarem o que escrevemos aqui mensalmente.
Quem me lê, sabe minha opinião sobre o patamar em que o streaming se encontra neste exato momento. E isso causa, eu sei, muita indignação naqueles que fizeram a escolha de abandonar todo tipo de mídia digital e optar apenas por essa plataforma.
Entendo e respeito todas as escolhas de nossos leitores, mas não posso deixar de lembrar que, em comparações diretas com mídias físicas, ainda existem alguns degraus até o streaming chegar ao topo.
E quais são essas lacunas, Andrette?
Soundstage – principalmente mais profundidade, mais largura e altura, maior precisão de foco, recorte e ambiência. Melhor corpo harmônico, macrodinâmica e organicidade.
E a boa notícia, é que as melhorias estão ocorrendo muito mais rápido do que foi com o CD, cuja correção dos defeitos foi quase à conta-gotas na primeira década de existência. E que adoro lembrar a todos os objetivistas ortodoxos, só ocorreu pelo fato de termos uma referência, a mídia analógica – LP – que eles adoram dizer hoje, que nem deveria ser classificada como hi-end!
Não posso deixar de lembrar a todos com menos de trinta anos, que hoje nos leem, que fui um crítico desde o primeiro minuto da dureza dos primeiros CD Players, do brilho excessivo nos agudos, e principalmente do diminuto corpo harmônico dos instrumentos em que tudo era reproduzido, naquele negro silêncio de fundo, com tamanho de ‘pizza brotinho’.
E mostrava as diferenças entre o LP e o CD, nos Cursos de Percepção Auditiva, e a sala vinha abaixo, com um sonoro: “ohhhhhhh!!!!!”.
Se não tivéssemos uma mídia de referência, de acordo com os objetivistas, o digital ainda estaria soando como o das cinco primeiras gerações.
Já que as ‘medições’ eram muito superiores às do LP!
E cometemos um erro enorme por quase duas décadas, ao julgarmos que o problema no digital era tanto de hardware como de software, e hoje percebemos que os disquinhos platinados soam muito bem depois de todas as correções e avanços feitos no hardware.
A ponto de podermos usar o CD, como referência ao avaliarmos o streaming!
Um problema atual é que o sinal via rede é bastante sujo, e várias frentes estão sendo aprimoradas, como roteadores e transmissão do sinal passando por filtros, na tentativa de melhorar o sinal antes de finalmente chegar ao streamer.
E aí entram os cabos de rede, que para qualquer objetivista é totalmente secundário – e que para quem consegue observar diferenças audíveis, é essencial.
Eu estou neste segundo grupo, óbvio e tenho feito nos últimos três anos diversos testes com cabos Ethernet – e lhes digo: este pode fazer melhorias significativas no resultado final.
Eu utilizo, saindo do roteador, o novo cabo de rede top de linha da Transparent (teste em breve), no lugar do Transparent Reference (o de capa cinza) até o switch de rede da Sunrise Lab, e do switch até o Streamer da Nagra (clique aqui) utilizava um segundo top de linha da Transparent Audio (o de capa preta).
As melhoras já haviam sido significativas em relação ao Transparent Reference. Mas aí o Daniel Hassany, projetista da Dynamique Audio me enviou o Apex, que nem se quer está disponível ainda em seu site, e tudo mudou de patamar!
Como todos os cabos da Dynamique Audio, sua construção e acabamento são primorosos, com cuidados extremos em todas as etapas de construção e na escolha de material.
Os condutores são de núcleo sólido de prata pura (5N) banhado a ródio, e núcleo sólido de prata banhado a ouro. A bitola do cabo é 8x 22 AWG, com isolamento de PTFE Teflon espaçado. Sua construção consiste em 4 pares trançados com distanciamento variável. Possui um amortecimento de ressonâncias, e blindagem de pares trançados de cobre de alta densidade individual, com uma blindagem final não metálica, com acabamento de carbono. A terminação RJ45 utilizada é Telegärtner MFP8, totalmente blindada.
O cabo é grosso, porém maleável, algo essencial para espaços apertados.
Como conheço bem toda a linha Apex, sei que não deveria levar em consideração as primeiras 100 horas de queima. E tive uma bela surpresa ao ver que, mesmo zerado, seu comportamento foi distinto dos cabos digitais que testei deste fabricante, pois já saiu tocando muito corretamente.
Será o fato de ser um cabo de rede, e não um AES/EBU?
Em relação à minha referência atual, o Transparent, ele possui melhor silêncio de fundo, maior amplitude de palco nas três dimensões, melhor decaimento nas altas, permitindo uma observação mais segura das salas usadas nas gravações (sem e com o uso de reverberação digital), um foco e recorte mais preciso que melhora a percepção de organicidade e, o que mais admirei: um corpo harmônico maior e mais realista.
A entrada do Dynamique Apex Ethernet melhorou ainda mais o Streamer Nagra, e possibilitou algo que para mim é essencial: poder avaliar erros e acertos da qualidade técnica das gravações.
Afinal este é um dos meus maiores interesses na área de áudio.
Não falo apenas da qualidade técnica da gravação, mas das intenções do engenheiro de gravação, na escolha dos microfones, posicionamento deles na sala, nuances das mixagens, e como soam em plataformas distintas como Tidal, Qobuz, Spotify, etc.
Com o cabo Ethernet Apex, tudo isso ficou muito mais fácil de avaliar e apreciar.
CONCLUSÃO
Antes que as tochas cheguem aos muros de minha casa, e clamem por minha cabeça, tenho que dizer que este é um cabo de rede, apenas para aqueles que investiram pesado em um sistema de streamer e concordam que ainda existem lacunas a serem corrigidas – e desejam fazê-lo, obviamente.
Pois o que o Ethernet Apex faz de melhor, é lapidar as arestas ainda existentes no streaming e possibilitar a extração do máximo que a topologia de rede utilizada por esse serviço tem a oferecer neste momento.
Se você deseja um streamer Estado da Arte Superlativo, e reconhece a importância de um cabo de rede que possibilita atravessar esta ponte para a outra margem, recomendo que o escute em seu setup.
Pode ser o elo que estava faltando para você poder afirmar que chegou lá!
PONTOS POSITIVOS
O melhor cabo Ethernet testado até este momento.
PONTOS NEGATIVOS
Preço.
ESPECIFICAÇÕES
| Condutores | Núcleo sólido de prata pura (5N) com revestimento de ródio Núcleo sólido de prata pura (5N) com revestimento de ouro |
| Bitola | 8x 22 AWG |
| Isolação | PTFE Teflon com espaçamento por ar |
| Construção | 4 pares trançados com passo variável |
| Amortecimento & Blindagem | 1 amortecedor de ressonância, pares trançados de cobre de alta densidade com blindagem individual, blindagem não metálica com carga de carbono |
| Terminações | RJ45 da Telegärtner modelo MFP8 totalmente blindado |


German Audio
comercial@germanaudio.com.br
(+1) 619 2436615
1m - £3.443
1.5m - £3.818
2m - £4.193
3m - £4.943