AUDIOFONE – Teste 1: DAC E AMPLIFICADOR DE FONE DE OUVIDO ERCO GEN 2DA FERRUM AUDIO

Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br

Muitos de nossos leitores da AVMAG nos pedem sugestões de amplificadores com DAC para fones de ouvidos hi-end.
Por vários motivos, seja como uma segunda opção para poder ouvir sua música sem incomodar a família, ou por terem renunciado a seu sistema hi-end, ou por estarem em espaços menores …. enfim, situações em que fones de ouvido são a única possibilidade para manter a chama acesa!

É um mercado em franca expansão, haja visto os espaços em grandes eventos de áudio dedicados a este segmento.
E ficou evidente, em nossos últimos dois Workshops, a diversidade deste público e o interesse também de um consumidor mais jovem, investir em fones mais sofisticados e amplificadores de alto nível também.

Uma empresa que vem ganhando notoriedade e diversos prêmios, é a empresa polonesa Ferrum Audio, criada em 2020, e que tem se dedicado a fazer produtos muito versáteis, com excelente nível de construção e performance.
Nós já testamos seu DAC Wandla (clique aqui), sua versátil fonte de alimentação PSU Hypsos e seu amplificador de fone de ouvido OOR (clique aqui).

Faltava apenas seu novo amplificador com DAC, o ERCO Gen 2.

Já em sua segunda geração, o ERCO é considerado o produto mais versátil e completo deste fabricante, com inúmeros reviews muito positivos no mundo afora.

Em termos de gabinete, o ERCO Gen 2 é idêntico ao modelo original, e suas mudanças foram todas ‘debaixo do capô’, fazendo-o ficar mais próximo do Wandla, em termos de performance, do que o modelo original.

E ainda que o chip seja o mesmo ESS Sabre ES9028PRO, ele agora permite conversão de PCM de até 768kHz/32-bits, e de DSD de até 512.

O ERCO Gen 2 pode também ser utilizado com a fonte externa Hypsos, e isso o colocará um patamar acima em sua performance final (nós utilizamos tanto com a fonte original como com a Hypsos – veja pontuação final).

Começando pelas entradas digitais, o ERCO Gen 2 possui uma entrada óptica, uma coaxial e uma USB-C, e uma entrada analógica RCA – caso você queira usar um DAC externo, por exemplo – além de saídas analógicas XLR.
No painel frontal temos duas saídas para fones de ouvido, duas chaves para escolha da entrada digital, a chave de ganho e o botão de volume.

Para o teste utilizamos nosso Transporte e o Streamer da Nagra (ambos via cabo coaxial), e os fones Audio Technica ATH-M50XBT2, Grado SR325, Meze Pro 109 e Meze Liric2 (clique aqui).

Como o ERCO Gen 2 veio lacrado, fiz uma primeira audição com o Liric 2, que já estava indo para o felizardo dono, e como sempre fiz as anotações de minhas primeiras impressões e deixei-o tocando em repeat por 100 horas.
A cada 25 horas repetia as mesmas faixas (agora com o Meze Pro 109), para ver o que havia mudado em sua performance. Minhas impressões foram que as pontas, após 50 horas, abriram e estabilizaram, e a região médio-grave ficou mais agradável e encorpada.

Não creio que seja preciso 100 horas para extrair todo o potencial do ERCO Gen 2.

O quanto seu DAC é próximo do Wandla? Essa é uma pergunta que só foi respondida em duas etapas: se for utilizando sua fonte original, ele fica mais distante do Wandla. Se for usada a PSU Hypsos, aí fica bem mais próximo.

O problema é que esse conjunto praticamente dobra o orçamento. Agora, se o fone de ouvido for um produto Estado da Arte, afirmo que valerá a pena este upgrade.

Seu equilíbrio tonal é surpreendente para um DAC em sua faixa de preço, e o amplificador interno do ERCO Gen 2, dá conta do recado, mesmo com fones com cargas mais complicadas.

Sua sonoridade é isenta de aspereza e de brilho excessivo nas altas. Seus graves são profundos, bem recortados e um conforto auditivo muito consistente, sendo possível ouvir com prazer, em volumes seguros, quando o fone também é de excelente nível de performance.

O grau de inteligibilidade é alto, permitindo mesmo em passagens complexas ouvirmos o todo sem nos perder nos detalhes.

As texturas são ricas em termos de definição do timbre dos instrumentos e vozes, com uma ampla facilidade em se ouvir as intencionalidades referentes a todas as fases em um processo de gravação.

Ele tem uma excelente resposta de transientes, com uma marcação rigorosa de tempo e ritmo, que nos faz desejar ouvir com interesse redobrado.

E a dinâmica é surpreendente para sua faixa de preço, podendo apreciar as variações do pianíssimo ao fortíssimo sem atropelos – e, o mais importante: tudo dentro de volumes seguros.

A dinâmica, tanto a macro, quanto a micro, é o que mais será favorecido com o upgrade para a fonte externa Hypsos, pois o silêncio de fundo é exponencialmente melhor com ela. E temos que concordar que, com o uso de fones de ouvido de alto nível, esse item é essencial para ampliar a performance e o prazer auditivo, pois nos permite maior imersão e envolvimento com o acontecimento musical. E, em gravações excelentes, a possibilidade de tornar, em nossa cabeça, ainda mais verossímil o que estamos ouvindo (organicidade).

CONCLUSÃO

Um DAC / Amplificador de quase 16 mil reais não é para muitos dos nossos leitores que estejam começando sua jornada.

Porém, para muitos dos nossos leitores da AVMAG, audiófilos rodados, que estão investindo em fones de ouvido Estado da Arte e possuem um sistema também de referência, o ERCO Gen 2 é uma opção a ser considerada.

A Ferrum Audio já nos deu mostra que veio para ficar, e ser referência no segmento que atua.

O ERCO Gen 2 sem a fonte externa é um ótimo ‘tudo em um’, e com a Hypsos muda de patamar, deixando-o ainda mais perto do DAC Wandla, o que pode significar ser o investimento final para quem possui um excelente setup de fones de ouvido.

É uma questão a se pensar!

O importante é saber que apenas o ERCO Gen 2 poderá ser o amplificador/DAC definitivo para 90% dos melômanos e audiófilos que estão à procura deste produto. Se este é seu caso, e ele cabe em seu orçamento, não deixe de conhecê-lo.