

Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br
Estamos apenas no sétimo mês do ano, e já testamos cápsulas que podem perfeitamente ser o upgrade final em inúmeros sistemas analógicos.
No entanto, o teste deste mês tem um diferencial, pois trata-se de um novo fabricante que chega ao mercado e que ainda está fazendo seu nome e se estabelecendo no mercado hi-end.
Estou falando da Aidas, uma empresa de cápsulas MC da Lituânia e que foi fundada por Aidas Svazas, um projetista que não mede esforços para buscar soluções ‘fora da caixinha’ para seus produtos, utilizando materiais exóticos e soluções no mínimo criativas – e com resultados práticos surpreendentes!
Aidas Svazas sempre deixou claro que seu objetivo sempre foi oferecer um pacote de benefícios e qualidade que realmente o pudesse diferenciar da forte concorrência de quem já está no mercado há décadas.
E que sem este esforço, seria impossível ganhar um lugar ao sol!
Seus produtos primam – dito tanto por seus consumidores, como por revisores que tiveram o prazer de ouvir e testar as cápsulas Aidas – por enorme precisão no rastreamento, timbres naturais, dinâmica, grande equilíbrio tonal, clareza e definição nos extremos.
Todas suas cápsulas possuem características em comum, como cantiléver de boro, magnetos de AINiCo5, agulhas MicroRidge e dupla suspensão – seja na série de entrada ou na topo de linha.
Existem quatro séries, atualmente, que são definidas a partir da fiação usada nas bobinas (sempre enroladas manualmente e com enorme precisão), e dentro de cada série seus modelos são diferenciados pelos materiais que compõem o corpo da cápsula.
A série CU emprega fios de cobre puro. A série AG-CU utiliza fios de cobre banhados a prata, o que agrega qualidades sônicas de performance superior à série de entrada. Na terceira série AU-CU já são utilizados fios de cobre banhados a ouro, e com um caráter tonal mais orgânico. E na série top de linha, a série AU, são utilizados fios construídos com ouro puro, mostrando um maior refinamento em riqueza harmônica, naturalidade e precisão (segundo o fabricante).
Os materiais utilizados na construção do corpo das cápsulas são selecionados em função de suas características no controle de vibrações, um dos problemas de qualquer cápsula que busca uma performance hi-end.
Para driblar e minimizar esse dramático problema, a Aidas usa desde compostos com madeiras nobres, pedras semipreciosas e até – na top de linha – marfim de presas de mamutes siberianos com 21 mil anos de idade, com características e resultados impressionantes no controle de ressonâncias internas.
E além de todas as quatro séries disponíveis para pronta entrega, a Aidas produz ‘séries especiais’ como a Mammoth Gold LE, que utiliza magnetos maiores de AINIco5 e a agulha especial Ogura Line Contact, desenvolvida por Junshiro Ogura, para o maior contato vertical com as paredes do sulco dos discos e, ao mesmo tempo, manter o mínimo de contato frontal e traseiro na leitura do sulco.
Outro diferencial do qual a Aidas se orgulha, é de criar cápsulas para serem utilizadas por décadas – e, para conseguir este feito, aplica valores para a manutenção dos seus produtos que estão muito abaixo da concorrência mundial.
Pois enquanto os custos normais do mercado para retips de cápsulas MC podem variar de 60 a 80% do valor da cápsula, a Aidas garante que qualquer uma de suas cápsulas de todas as séries esteja no valor de retip entre 5 a 10% (dependendo do modelo).
Quem, em sua trajetória analógica, nunca danificou uma agulha de uma cápsula MC ainda em perfeito estado, e teve um segundo susto ao saber o preço da reposição?
Com uma cápsula Aidas, o susto será apenas no momento do desastre, e não com o valor de ver sua cápsula zerada e pronta para uso por muitos e muitos anos!
Mas, vamos falar da cápsula que testamos.
A Aidas Malachite Silver, utiliza um corpo feito de Tru-stone, um material composto por mais de 85% de Malaquita, uma pedra semipreciosa e com veios ondulados e tons variados de verde escuro e claro, que é pulverizada e combinada com resinas especiais.
Engana-se quem achar ter sido uma escolha puramente estética, pois este mineral, com estrutura cristalina à base de carbonato de cobre, é ao mesmo tempo denso e macio, o que se traduz em propriedades naturais de eficiente amortecimento de vibrações.
O cantiléver é feito de boro e fabricado a partir do projeto da própria Aidas, pela Adamant-Nakimi Precision Jewel Co, uma empresa líder mundial no segmento de diamantes para agulhas e cantilevers.
O boro é um semimetal notável para esta aplicação, pois tem menor peso que o berílio, mais rigidez do que o alumínio e menos ressonância do que o rubi ou a safira, que são os materiais amplamente utilizados em cantilevers de cápsulas.
Segundo a Aidas, esta combinação única de rigidez, leveza e ausência de ressonâncias faz com que a Malachite Silver tenha um rastreamento extremamente preciso, detalhado e sem distorções.
A agulha da Malachite Silver é do tipo MicroRidge, um perfil que, ao contrário dos esféricos e elípticos, possui um formato complexo que se assemelha à ferramenta de corte original do disco para a fabricação da master. O que resulta em uma área de contato vertical significativamente maior com as paredes do sulco. Proporcionando maior silêncio de fundo, e uma recuperação de micro detalhes impressionante.
Além de conservar muito mais os discos e a própria agulha!
O magneto é feito de AINiCo5, uma liga de alumínio, níquel e cobalto – e essa escolha está ligada à assinatura sônica que a Aidas quis imprimir a todos os seus produtos.
Segundo o fabricante, o campo magnético gerado por essa escolha é mais uniforme e menos agressivo do que os ímãs de neodímio modernos, o que resulta em uma reprodução com melhor decaimento, menor distorção, maior coerência entre os canais, uma textura rica e sem exageros na resolução, e uma reprodução de micro e macro-dinâmica muito mais bem resolvida.
Sua bobina é feita com cobre banhado a prata 6N, e esta combinação garante máxima eficiência na conversão do movimento mecânico em sinal elétrico devido a altíssima condutividade da prata, dando a essa cápsula uma grande transparência e dinâmica, segundo o fabricante.
Os contatos são feitos com pinos de latão banhados a ouro 24k.
Para o teste, utilizamos o toca-disco Zavfino ZV-11X (clique aqui), com cabo de braço Zavfino Gold Rush (clique aqui), pré de phono Soulnote E-2 (clique aqui) e nosso sistema Nagra de Referência, com as caixas Estelon X Diamond Mk2, Dynaudio Contour Legacy (clique aqui) e Stenheim Alumine Two.Five. Os cabos de interconexão foram Dynamique Audio Apex e Zavfino Silver Dart (clique aqui).
Foi interessante retirar a Dynavector DRT XV-1T (clique aqui), uma cápsula com uma performance impressionante pela sua longevidade, e colocar uma cápsula com uma série de conceitos inovadores.
Nos setups analógicos Estado da Arte, as mudanças de cápsulas têm quase o mesmo peso que uma mudança de caixas acústicas. O peso na assinatura sônica do sistema é gigantesco!
Tanto que leitores, quando me pedem ajuda em upgrades de cápsulas em setups Estado da Arte, só os ajudo se puder ouvir o sistema.
Se não puder ouvir, prefiro apenas sugerir que a pessoa ouça em seu sistema a cápsula desejada. Pois pode mudar o caráter sônico de todo o setup.
Então, por mais que eu me sinta um cara de sorte por poder ouvir cápsulas no topo do podium, eu sei o peso da responsabilidade que é testar esses produtos.
Vamos ao que interessa.
A primeira excelente notícia: a Aidas Malachite Silver já sai tocando lindamente. Pode sentar-se e começar a ouvir toda sua coleção de discos.
Nas 50 horas que determinei de amaciamento para iniciar o teste, a única alteração significativa dela de zero para trinta horas, foi a amplitude do palco sonoro, um decaimento mais suave nos agudos e um ligeiro crescimento no corpo dos instrumentos na região
médio-grave – o que foi excelente para o assentamento correto de seu equilíbrio tonal.
Nada falta: de ponta a ponta do espectro audível a Malachite Silver é de um equilíbrio referencial!
Seus graves têm enorme energia, deslocamento de ar, corpo e velocidade. A região média é de uma naturalidade e realismo que reforça a razão de nosso cérebro apreciar tanto uma reprodução analógica bem apresentada. E nos faz balançar a cabeça e dar de ombros quando lemos objetivistas afirmarem que o analógico nem hi-end é!
Esses objetivistas se esquecem que, se não fosse o analógico como referência, o digital estaria ainda com todos seus inúmeros problemas iniciais até hoje.
E os agudos desta cápsula são absolutamente limpos, corretos, com corpo e com um impressionante decaimento suave.
Se você adquirir essa cápsula, meu amigo, me ouça e aguarde as 30 horas para chamar seus amigos audiófilos para uma audição, pois a apresentação do soundstage necessita desse amaciamento para o palco se abrir, ganhar maior profundidade, foco e recorte.
E aí, meu amigo, pode apresentar com orgulho seu novo upgrade.
Para amantes de música clássica, o palco sonoro desta Aidas é de nos fazer suspirar fundo de emoção.
As texturas são praticamente uma ‘réplica’ precisa do que escutamos em uma sala de concerto, ouvindo cada naipe da orquestra ou solista, e percebendo as nuances dos timbres do grupo de instrumentos em uníssonos ou individuais.
Aquela riqueza da paleta de cores da orquestra ao vivo, reproduzida em nossa sala, para nosso bel prazer!
Serão audições enriquecedoras em detalhes e intencionalidades.
Os transientes são sustos telegrafados – sabe o que significa? Mesmo que você conheça de cor aquela passagem repleta de ritmos intrincados e mudanças de andamento, com a Malachite Silver haverão surpresas.
A sensação é que, ao ouvir aquele andamento nesta cápsula, a gravação pareceu ser ainda mais precisa e comovente.
E quanto à dinâmica, se os transientes são ‘sustos telegrafados’, na reprodução da macro-dinâmica serão sustos sobressaltados. Eu, sinceramente, fui achando que em determinadas gravações de teste de macro-dinâmica, a Aidas não poderia me pegar despreparado – e ainda assim fui pego!
O fortíssimo possui um deslocamento de ar e uma energia absurda. E tudo com um grau de precisão e autoridade, sem resquícios de coloração alguma.
Pois as vezes ouvimos fortíssimos que impactam pelo ressoar de uma coloração de fundo (principalmente na macro-dinâmica de bumbo ou tímpanos).
Nesta cápsula isso não existe, se é seco, é seco e contundente! Com aquele grau de energia muito semelhante à uma audição ao vivo.
A micro-dinâmica é estupenda, graças à precisão da leitura de sua agulha.
Muitas vezes ficamos ressabiados ao ler a descrição feita pelo fabricante de seu produto em seu site. Pois, claro que todos os fabricantes buscam te convencer, descrevendo as melhores qualidades de seus produtos, e muitas vezes nos decepcionamos (principalmente se a expectativa criada pela descrição do fabricante for convincente). Com a Malachite Silver, o que o fabricante escreve em termos de precisão de leitura, baixa distorção e excelente silêncio de fundo, ‘è vero’!
O corpo harmônico é tão bom quanto o das melhores cápsulas Estado da Arte que tive, tenho e testei.
Foi o único quesito da nossa Metodologia em que não encontrei diferenças consideráveis. E, no entanto, somado às excelentes características do conjunto, só tornam essa cápsula ainda mais impressionante.
E chegamos a um dos quesitos mais admirados pelos nossos leitores, junto com soundstage – a Organicidade! Levante a mão quem não quer materializar a música à sua frente?
Ter o privilégio de trazer nossos músicos preferidos para uma sessão exclusiva para nós! A Aidas faz essa materialização com maestria e requinte: tanto trazê-los até nós, como em gravações excepcionais nos levar até eles!
Meu amigo, quando conseguimos esse feito em tão alto grau, que até nosso cérebro acredita no que está ouvindo, o investimento feito em cada componente de nosso sistema foi justificado.
CONCLUSÃO
No site da Aidas, e em seus raros anúncios, você lerá que o objetivo deles é oferecer cápsulas excepcionais em termos de precisão, naturalidade, range dinâmico, equilíbrio tonal e transparência.
Aí eu te pergunto: quantos fabricantes de produtos hi-end prometem todo este pacote?
E quantas vezes na longa trajetória audiófila de todos nós, o que parecia fantástico acabou em decepção? A ponto de nos deixar absolutamente ‘escaldados’ e fugirmos até de ler esse tipo de informação, não é verdade?
Só que muitas vezes também, o que ali está sendo descrito pode ser verdade.
E no caso desta cápsula da Aidas, tudo que reivindicam para seus produtos, nesta primeira cápsula deles por nós testada, se mostrou absolutamente correto!
É uma bela cápsula, com um grau de requinte impressionante e o melhor, uma relação custo e performance absurda em comparação com inúmeras outras grandes cápsulas!
Aqueles que estão buscando o upgrade final no seu sistema analógico, não ouvirem essa cápsula, será um erro indefensável!
PONTOS POSITIVOS
Uma cápsula Estado da Arte Superlativo.
PONTOS NEGATIVOS
Exigirá que o sistema analógico esteja a sua altura, ou a cápsula será subutilizada no sistema.
ESPECIFICAÇÕES
| Tipo | Cápsula Magnética Moving Coil de saída baixa |
| Corpo | Tru-stone de Malaquita |
| Cantilever | Adamant-Namiki de boro |
| Agulha | MicroRidge |
| Saída | 0,3 mV |
| Magnetos | AlNiCo5 |
| Pinos de conexão | Latão com banho de Ouro 24k |
| Força de rastreamento | 1,9g |
| Compliância lateral | 12 um/mN |
| Peso da cápsula | 11,3g |
| Carga recomendada | 100 a 1000 ohms |
| Bobinas | Cobre banhado a prata 6N 0.03mm |
| Impedância da bobina DC | 5 ohms |
| Massa recomendada do braço: médio/pesado | médio/pesado |
| CÁPSULA AIDAS MALACHITE SILVER | ||||
|---|---|---|---|---|
| Equilíbrio Tonal | 14,0 | |||
| Soundstage | 14,0 | |||
| Textura | 14,0 | |||
| Transientes | 14,0 | |||
| Dinâmica | 14,0 | |||
| Corpo Harmônico | 14,0 | |||
| Organicidade | 14,0 | |||
| Musicalidade | 15,0 | |||
| Total | 113,0 | |||
| VOCAL | ||||||||||
| ROCK, POP | ||||||||||
| JAZZ, BLUES | ||||||||||
| MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
| SINFÔNICA |


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