Editorial: LER E OUVIR PODETRANSFORMAR SEU CÉREBRO

NOVO TOCA-DISCOS CELEBRITY AL DI MEOLA DA CLEARAUDIO
7 de julho de 2025
PATACOADAS DE ÁUDIO – AGOSTO DE 2025
5 de agosto de 2025

Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br

Eu já li e assisti várias entrevistas da cientista cognitiva Maryanne Wolf, sobre as transformações que nosso cérebro pode sofrer com a leitura e a audição de música.

No seu mais recente livro – O Cérebro Leitor – ela descreve como a habilidade de leitura com alto índice de atenção, pode moldar de maneira cumulativa as habilidades de nosso cérebro.

E, ao mesmo tempo, alerta dos riscos causados pelos hábitos digitais modernos, de apenas passarmos os olhos pelas informações, muitas vezes de maneira superficial, e até escritos de maneira proposital com erros de informação (os famosos fake News).

Em seu novo livro, ela cita um estudo feito em 1989 que acompanhou a atividade cerebral de pessoas olhando para uma dezena de caracteres, alguns sem nenhum significado e outros com significados peculiares.

E quando o grupo estudado olhava para um caractere com um significado reconhecível, este ativava áreas mais amplas, possibilitando nosso cérebro processar aquele símbolo, com letras, palavras ou até mesmo sons.

Provando que nosso cérebro possui um repleto acervo de conceitos relacionados às palavras.

Wolf também nos alerta que crianças sem acesso à leitura e à estímulos nos primeiros três anos de idade, terão tido contato com muito poucas palavras – e quando ingressarem no período de alfabetização, já iniciarão sua vida acadêmica em desvantagem.

E as novas gerações estão lendo e escrevendo cada vez menos, o que prejudica esses jovens em ter uma profunda imersão em um texto, para poder aprender a contextualizar, entender argumentos complexos, e identificar informações falsas de verdadeiras.

Agora, passe essa questão para a audição, em que as sinapses são ainda mais complexas e envolvem quase todo o cérebro. O que ocorre ao apenas ouvir para nos entreter, enquanto realizamos diversas atividades?

Da mesma maneira, estamos subutilizando nossa capacidade cumulativa de reter e aprender com o que ouvimos.
Tenho que confessar que, por mais que esteja acostumado a lidar com o nosso público em nossos cursos, consultorias e Workshops, me assusto com aqueles que julgam já terem nascido sabendo tudo que precisam para ouvir, assimilar, escolher e julgar.

Os exemplos mais recorrentes são dos que nunca se preocuparam em aprender a reconhecer os diferentes tipos de saxofones, ou instrumentos de cordas (vou deixar os pianos de fora, OK?), pois apenas saber que é um saxofone, já lhe é mais do que suficiente.

E com tão limitado conhecimento sobre a sonoridade de instrumentos, se acham capazes de dizer qual equipamento é o mais correto!

Sei que é um assunto espinhoso, mas não posso deixar de lembrar a todos, que ter um sistema auditivo não nos dá passe livre para nos tornarmos um expert no assunto.

Sem dar as ferramentas necessárias para que o seu cérebro possa ‘interpretar’ corretamente a informação, fatalmente suas escolhas estarão mais fadadas a erros do que acertos.

E seu sistema sempre mostrará com precisão o nível em que sua percepção auditiva se encontra naquele momento.

A neurociência finalmente está colocando luz e foco onde antes era tudo somente gosto pessoal.

Quem tiver juízo, que ouça!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *