

Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br
Esse é o quarto produto da Soulnote que testamos. Nossos leitores assíduos certamente já tiveram a curiosidade de ler o teste dos integrados A-2 (clique aqui), A-3 (clique aqui) , o do pré de phono E-2 (clique aqui), que se tornou nossa referência analógica. E agora chegamos ao estágio final deste fabricante japonês – os monoblocos M-3 – e em dezembro publicaremos o teste do pré de linha P-3.
Eu escrevi no teste do integrado A-3, que a Soulnote fala com orgulho de que conseguiu a façanha de colocar o M-3 e o P-3 em um único gabinete, e oferecer ao mercado um integrado de nível ‘superlativo’.
Os leitores que estiveram no nosso Workshop Hi-End Show em abril, tiveram a chance de ouvi-lo e compartilhar conosco seu impressionante refinamento.
Então, não posso dizer que estaria despreparado em termos de assinatura sonora, para escutar os monoblocos M-3 e seu respectivo par, o P-3.
Depois de três meses com os M-3, o que posso afirmar é que é fato o integrado A-3 ter muito do DNA sonoro dos monoblocos junto com o pré de linha.
Mas não dá para afirmar que sua performance esteja no mesmo patamar.
Tentarei, na parte da avaliação, explicar meu ponto de vista e minhas observações auditivas – mas, antes, vamos detalhar o que torna o M-3 tão impressionante!
Nos testes anteriores já pormenorizei em detalhes a história da Soulnote, a genialidade de seu projetista de pensar ‘fora da caixinha’, e os resultados sonoros obtidos com todas as suas intrigantes teorias, aplicadas e comprovadas sonicamente.
Então se este é o primeiro teste que você está lendo deste fabricante, por favor ao término dê uma passada de olhos nos outros três testes.
O M-3 oferece soluções bastante interessantes para um amplificador de potência com topologia push-pull de 80 Watts por canal em 8 ohms, e 160 Watts em 4 ohms.
Como todos os produtos deste fabricante, sua construção é primorosa, limpa e minimalista. Um deleite aos olhos, até mesmo para um leigo em termos de tecnologia.
E seu acabamento é primoroso!
A Soulnote se orgulha da escolha de um estágio de amplificação de feedback não negativo, sendo que apenas um único transistor é usado para amplificar completamente os circuitos de emissor, tensão e diferencial, sem qualquer ganho.
Segundo a Soulnote, foi no desenvolvimento do M-3 que eles descobriram que amplificadores de alta potência devem ser dedicados a uma única função.
Por isso que ele possui apenas um conjunto de terminais de entrada balanceado.
É um monobloco ultra minimalista, sem nenhum seletor ou atenuador.
Os sinais de entrada viajam diretamente para a base dos transistores do primeiro estágio, passam por uma amplificação de estágio único e são enviados por um único circuito push-pull.
A única operação disponível é o interruptor de alimentação. Portanto, este amplificador não contém circuitos ou componentes, como microcontroladores em nenhuma etapa da amplificação.
Ele possui um robusto transformador de 1600 VA, com perda ultrabaixa e com preenchimento de epóxi para evitar ruídos de vibração. Este transformador foi desenvolvido com exclusividade para a Soulnote, é montado verticalmente no painel frontal, e fica suspenso por arruelas de titânio para que a vibração nunca seja transmitida ao gabinete. A fonte utiliza capacitores de 470 uF de filtragem, especialmente selecionados, com alta resistência.
A retificação utiliza diodos de SiC que reforçam o valor máximo de corrente de entrada criando, segundo o fabricante, uma fonte de alimentação mais potente e rápida.
Como todo gabinete da Soulnote, será sempre um choque ver peças soltas com a tampa superior e as placas de terminais de caixa e de entrada XLR. Mas não se assuste, pois não vibram e realmente fazem uma diferença no resultado sonoro.
Para a Soulnote, essa construção resulta em uma qualidade sonora mais precisa e realista.
Aos céticos, sugiro se tiverem a oportunidade de ouvir o M-3, manter os parafusos da tampa superior e depois do amplificador amaciado, retirá-los. Não é mágica, meu amigo, é fato!
Como já citei, o M-3 tem 80 Watts em 8 ohms, dobra de potência em 4 ohms, tem distorção harmônica total de 0,1%, resposta de frequência de 2 Hz a 200 kHz a mais ou menos 1 dB, sensibilidade de entrada de 1V e impedância de 25 kOhms. Seu ganho é de 22 dB, e suas dimensões são: 34 cm de largura, 25 cm de altura e 52 cm de profundidade. E pesa 31 kg.
Os M-3 vem com uma prancha especial de madeira que deve ser usada se o comprador quiser extrair todo o seu potencial.
Infelizmente o pré de linha não veio a tempo para ser usado nesse teste, porém quando avaliarmos o P-3, ainda teremos a oportunidade de ouvi-los em conjunto. Então, o único pré utilizado no teste, foi o nosso pré de linha de referência, o Nagra Classic.
Os equipamentos usados foram os seguintes. Fonte analógica: toca-discos Zavfino ZV11X (clique aqui), cápsulas Aidas Malachite Silver (clique aqui), e Dynavector DRT XV-1T (clique aqui). Pré de phono Soulnote E-2, cabo de braço Zavfino Midas (leia teste na edição de novembro de 2025). Fonte digital: Nagra TUBE DAC, Streamer Nagra e Transporte Nagra. Cabos de interconexão: Dynamique Apex. Cabos de força: Transparent Audio Reference G6. Caixas acústicas: Stenheim Alumine Two.Five (leia Teste 2 nesta edição), Dynaudio Contour Legacy (clique aqui), e Audiovector Trapeze (clique aqui). Cabos de caixa: Dynamique Apex, Kubala Sosna Realization (leia teste na edição de dezembro) e Cabo Speaker
Argentum da Virtual Reality (leia teste 3 nesta edição).
Toda eletrônica Soulnote que testei até o momento tem a capacidade de já sair soando muito bem, desde o primeiro instante.
Isso o libera para já chamar os amigos? Claro que não. Porém permite ficarmos na sala e acompanharmos cada minuto de sua queima sem sobressaltos, ou dúvidas se fizemos ou não a escolha certa.
Mas não será preciso dias e mais dias. Pode-se desfrutar de audições memoráveis, a partir de apenas 120 horas. Isso para um power pode ser atingido em menos de duas semanas, fácil!
De cara ficou patente o quanto ele lembra a assinatura sônica do integrado A-3, com mais ‘testosterona’ e ainda maior refinamento.
Mas, o que irá ser aprimorado com o amaciamento, Andrette?
Justamente o que mais chama a atenção na eletrônica Soulnote: seu palco amplo, profundo, com foco e recorte precisos, e planos e mais planos, sem nunca se sobreporem ou tornarem uma informação difusa ou opaca.
E com as 120 horas, o que irá se destacar de maneira explícita é sua neutralidade! Ele é tão neutro que você irá perceber, sem esforço algum, as qualidades e limitações de qualquer gravação.
Tudo soa como chegou até à masterização final. Permitindo ao ouvinte ter uma radiografia sonora precisa do acontecimento musical. Você deve estar se perguntando como posso afirmar isso, certo?
Ouvindo as gravações feitas por nós, no selo Cavi Records, obviamente. O nosso CD Timbres é a prova sonora final para fecharmos a assinatura sônica de todo produto testado. Pois quanto mais neutra for a eletrônica ou a caixa testada, mais perceptível ficam as diferenças entre os três microfones.
E no integrado Soulnote A-3, e agora no M-3, as diferenças me remetem ao momento em que eu posicionei cada microfone para a gravação dos 23 instrumentos que utilizamos.
Quando ouço esse CD em produtos neutros sonicamente, sou teletransportado para a sala de gravação novamente! É instantâneo, não tenho que fazer esforço algum.
E, para enfatizar ainda mais essa impressão sonora, tínhamos à mão 4 caixas também com uma assinatura sônica muito similar à do M-3, o que facilitou ainda mais nosso trabalho.
Sempre lembro em nossos Cursos de Percepção Auditiva, e nos Workshops, que em equipamentos acima de 100 pontos em nossa Metodologia, os oito quesitos estarão tão homogêneos e corretos, que nossa preocupação deveria ser de apenas escolher a assinatura sônica final procurada no sistema.
Você não precisará mais se preocupar com o equilíbrio tonal, texturas, corpo harmônico, dinâmica etc.
Atenha-se apenas no ajuste fino do setup.
E, tendo em mãos um power como o M-3, o prazer de fazer esse ajuste é muito gratificante.
Tentar descrever seu equilíbrio tonal será algo puramente burocrático e redundante. Pois não sobra nada e tão pouco falta algo. Tudo será na proporção do equilíbrio tonal de cada gravação escolhida para essa avaliação.
Caberá ao ouvinte definir a qualidade da reprodução do equilíbrio tonal, através de seu gosto musical, e não ao contrário (que seria o amplificador definir o que pode ou não ser tocado decentemente nele).
Com as 4 caixas utilizadas no teste, o equilíbrio tonal foi primoroso.
À princípio achei que 80 Watts não seria suficiente para tocar nossa caixa Estelon X Diamond Mk2, e estava redondamente enganado.
Pois não só tocou, como o fez com autoridade!
E o M-3 deixou cada uma das 4 caixas brilharem com suas peculiares qualidades.
Como já ‘telegrafei’ acima, os Soulnote possuem um soundstage referencial em todos os aspectos. Se você possui uma sala em que suas caixas possuem arejamento suficiente para apresentar um palco 3D, o M-3 fará uma apresentação magnífica!
Ouvir obras sinfônicas com este amplificador é simplesmente um acontecimento memorável, pois os naipes estarão corretamente focados, assim como os instrumentos solo, permitindo ao seu cérebro relaxar e apreciar aquele momento mágico.
As texturas, meu amigo, são de um requinte e uma sutileza que só os melhores e superlativos possuem. É preciso ouvir para entender o nível de refinamento e convencimento, tanto em termos de timbre quanto de intencionalidade.
Você é obcecado por ritmo, tempo e andamento?
Estará na companhia certa.
Pois os transientes do M-3 possibilitam ouvir com prazer redobrado, e acompanhar as variações de andamento sem esforço adicional ou concentração excessiva – absolutamente nada.
Jamais algo soará letárgico ou desinteressante!
E se você associa macrodinâmica com muitos e muitos Watts, pode rever essa ideia. Pois a macrodinâmica do M-3 é impressionante! E a micro idem: nada se perde se estiver registrado na gravação.
Quer fazer seu cérebro acreditar que aquele solo de contrabaixo acústico à sua frente, é bastante semelhante com uma apresentação ao vivo? Ouça o contrabaixo tocado em arco do nosso CD Timbres com o microfone B&K, e veja que o M-3 tem essa capacidade de reproduzir um corpo harmônico muito próximo do real!
E com todo esse grau de requinte na apresentação de cada um dos nossos quesitos da Metodologia, chegamos à ‘prova dos nove’: a materialização do acontecimento musical à nossa frente. E nisso, meu amigo, o M-3 é assombroso!
Pois seu cérebro irá realmente se encantar como os cantores e os músicos em excelentes gravações são transportados para sua sala de audição.
Você simplesmente ‘verá’ o que está ouvindo!
CONCLUSÃO
Toda vez que me deparo com as discussões em fóruns objetivistas, em que os participantes enfaticamente defendem que amplificadores da mesma topologia se estiverem soando diferentes, um deles está com defeito, fico me perguntando o que impede a todos esses objetivistas de escutarem que amplificadores da mesma topologia, tem sim, assinaturas distintas – e não precisamos de ‘ouvidos de ouro’, para perceber as diferenças.
E fico imaginando que, para estes objetivistas, um amplificador transistorizado ter 0.1 % de distorção harmônica (como tem o M-3), deve ser motivo para sequer cogitarem conhecer, já que a distorção harmônica de diversos powers atuais já possuem valores muito menores!
Agora, imagine falar para esses objetivistas, que manter a tampa superior do gabinete travada com seus parafusos para transporte, irá alterar a sonoridade do M-3 para pior?
Eles irão rir da sua cara e desdenhar de sua capacidade auditiva.
Pois bem, quem perderá a oportunidade de constatar esses fatos e talvez refazer seus conceitos, são eles.
Pois se tem algo que podemos aprender com os produtos da Soulnote, é que não existe no mundo apenas uma maneira, ou uma só receita do ‘bolo perfeito’.
E se você é um audiófilo que já passou por todas as fases do soundstage, dos graves profundos, da macrodinâmica ensurdecedora, e se encontra na fase de apenas desejar apreciar seus discos com o devido respeito e atenção que cada gravação merece, você deveria ouvir os produtos deste fabricante japonês.
Eles realmente entendem muito de reprodução eletrônica de alto nível, e possuem uma assinatura sônica que pode e deve ser chamada de alta fidelidade!
Pelo seu grau de performance, o M-3 é o segundo melhor amplificador testado por nós nesses 30 anos da revista.
Acho que isso diz muito do quanto este produto é exemplar!
| Saída máxima | 160 W (4 Ω) |
| Distorção harmônica total | 0,1% (1W) |
| Resposta de frequência | 2Hz ~ 200kHz (±1dB) |
| Sensibilidade / Impedância de entrada | 1V / 25kΩ |
| Ganho | 22 dB |
| Tensão de alimentação | Sob encomenda |
| Consumo de energia | 110 W |
| Dimensões (L x A x P) | 340 × 251 × 512 mm |
| Peso | 31 kg |
| AMPLIFICADOR MONOBLOCO SOULNOTE M-3 | ||||
|---|---|---|---|---|
| Equilíbrio Tonal | 14,0 | |||
| Soundstage | 14,0 | |||
| Textura | 14,0 | |||
| Transientes | 13,0 | |||
| Dinâmica | 13,0 | |||
| Corpo Harmônico | 13,0 | |||
| Organicidade | 13,0 | |||
| Musicalidade | 14,0 | |||
| Total | 108,0 | |||
| VOCAL | ||||||||||
| ROCK, POP | ||||||||||
| JAZZ, BLUES | ||||||||||
| MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
| SINFÔNICA |


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