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Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br

O que adianta todo o esforço da OMS (Organização Mundial da Saúde), divulgar relatórios anuais sobre o número assustador crescente de perdas de audição entre jovens pelo excesso de exposição a volumes acima do seguro, se a indústria fonográfica e os engenheiros de gravação continuam a burlar as regras?

Há décadas, desde a proliferação das emissoras de FM (nos anos 70 e 80), que a indústria musical impôs a ‘guerra do volume’, em que os engenheiros de gravação aumentam propositalmente o volume das faixas utilizando técnicas de compressão excessiva, limitando a faixa dinâmica (entre o pianíssimo e o fortíssimo), comprometendo a qualidade final do áudio por acreditar que essa estratégia chama mais a atenção do ouvinte – o famoso “quem berra mais, pode mais”!

Tinha-se a esperança de que, com o advento do streaming, essa estratégia insana terminasse e fosse existir uma normalização de volume.

Para se chegar a um consenso, as plataformas criaram um padrão de intensidade sonora chamado de LUFS (Unidade de Escala Completa de Intensidade Sonora). Ela mede o que o que a audição humana percebe como já um alto volume, dentro da margem de segurança, e não a intensidade do sinal elétrico. Este método foi criado justamente para que músicas com volumes baixos e altos coexistam em playlists com diversos gêneros musicais – muito comuns nas plataformas para atrair ouvintes, e estes conhecerem novos trabalhos.

No entanto, os engenheiros de gravação acharam brechas para burlar o padrão, simplesmente pelo fato de que as plataformas não chegaram a um consenso de um único padrão de LUFS.

A Spotify determina no máximo -14 LUFS, a Apple Music -16 LUFS, a Amazon Music -14 LUFS, e o YouTube -18 LUFS. E isso permite que as gravadoras digam ser muito custoso realizar diferentes masterizações para atender a cada plataforma.

E ainda existe uma outra questão, cada gênero musical possui LUFS distintos – do Country sendo em média de -8 LUFS, ao Hip-Hop sendo de -16 LUFS ou até mais!

Então é possível, dentro de uma playlist das plataformas, termos desde faixas com apenas -4.6 LUFS até -18 LUFS.

E para tornar a situação ainda mais assustadora, as produções atuais são de 6 a 12 dB mais altas do que as gravações do início deste século.

E plataformas como a Spotify sugerem que as masters enviadas para a plataforma tenham mais ‘volume’, pois ‘tendem a atrair mais audições’.

E aí, para evitar que a música distorça ou ocorra clipping ao ser reproduzida, os engenheiros de masterização controlam o sinal limitando-o manualmente em vez de deixar isso à cargo dos algoritmos de reprodução.

Com este padrão manual de masterização, a faixa dinâmica é perdida causando fadiga auditiva em menor tempo de exposição.

E dependendo do gênero musical, devido ao excesso de compressão, o usuário acha que precisa aumentar o volume para ter maior presença e impacto.

Mas não é só esse o problema. O excesso de compressão para aumento do volume da master, além de achatar a dinâmica, também compromete a resposta de transientes e toda sensação de arejamento da gravação.

E mesmo que o usuário perceba o grau de fadiga, e busque ouvir em volumes seguros, a faixa continuará soando mais alta que faixas de outros gêneros musicais com menor compressão.

Então, meu amigo, se você deseja preservar sua audição, além da escolha de um fone com excelente Equilíbrio Tonal, para poder ouvir sempre em volume seguro, a escolha da plataforma de streaming e dos gêneros musicais, passa a ser primordial daqui para frente!

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