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Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br

Se o 99 Classics é o fone fechado de entrada da Meze, o novo 105 AER é o fone aberto da linha deste fabricante.

Ele fica abaixo do 105 SILVA e do 109 PRO. Agora, não se engane achando que por ser de entrada, haverá restrições em termos de acabamento e performance, pois essa não é a filosofia deste fabricante de fones romeno.

Internamente, o 105 AER tem uma arquitetura muito parecida com o 109 PRO, utilizando também um driver dinâmico de 50 mm, buscando no entanto torná-lo mais acessível e reduzir custos, com a escolha de materiais mais baratos sem comprometer a performance final.

O 105 AER pesa 336g e, em termos de design e arquitetura, é bastante similar ao 105 SILVA e o 109 PRO, com a mesma estrutura de aço e liga de zinco fundido, e acabamento em revestimento por PVD prateado, para realçar com a estrutura preta.

A faixa de cabeça é autoajustável e revestida de couro macio, e preenchida com espuma larga o suficiente para a distribuição do peso na cabeça e ficar de modo confortável sem pressioná-la demasiadamente, para que as conchas fiquem bem fixadas às orelhas, mas seguro para movimentos e caminhadas.

As almofadas auriculares removíveis usam veludo macio, e são grandes o suficiente para cobrir a orelha.

O fone vem com um cabo OFC de 1.8m terminado em plugues monos duplos de 3,5 mm e um conector também de 3.5 mm.

Segundo a Meze, o cabo é reforçado com kevlar, muito flexível e bem fácil de manusear. O usuário, caso deseje realizar upgrades no cabo, pode recorrer a própria Meze que oferece cabos com assinaturas distintas. E, como muitos amplificadores de fone atualmente utilizam cabos balanceados, de 4.4 mm, a Meze possui um adaptador de 3.5mm para os que necessitem de cabo XLR.

Como todo produto deste fabricante, ele vem com uma bolsa de transporte de EVA, o ideal para a manutenção do fone em viagens.

A impedância é de 42 ohms, e a de sensibilidade de 112dB SPL/mW, o que permite que ele seja ligado até mesmo ao celular. Porém, tenha certeza de que neste caso ele será subutilizado, pois sua performance merece no mínimo um player portátil e um DAC de melhor qualidade do que o de um celular.

Estamos falando de um fone de quase R$ 4 mil, e que pode ser perfeitamente o fone de referência tanto de audiófilos como de melômanos.

Para o teste utilizei o amplificador de fone do Nagra TUBE DAC. Como uma de minhas referências em fone aberto é justamente o 109 PRO, foi fácil realizar o teste e saber exatamente seus pontos fortes e fracos.

E não me contive de também compará-lo a minha referência em fone fechado, o 99 Classics original.

Me perguntam o que gosto nos fones da Meze, para ter dois exemplares como referência?

A resposta é objetiva: não gosto de fones que apertam, que sejam pesados e que passem sensação de fragilidade – e, claro, gosto de performance.

E todos os fones da Meze (testei toda a linha), passam com louvor por esses requisitos.

E o que descobri de mais legal ao ir testando toda a linha: existe uma coerência, ou melhor um ‘DNA sonoro’ perceptível em todos eles.

Seja em um modelo de entrada, como o 99 Classics, como no top de linha Elite Tungsten, os cuidados na escolha de materiais, o acabamento e a sonoridade terão algo em comum.

Acho isso essencial para uma marca criar identidade, e fidelidade com o seu cliente.

E o mais importante: os fones Meze que tenho como referência em suas classes, me atendem perfeitamente tanto no lazer, como no trabalho.

Eu já externei várias vezes neste caderno que não consigo entender a razão de um mesmo fone ter avaliações tão distintas em mídias ditas especializadas. Pegue qualquer fone da Meze testado, em duas ou três mídias, e o leitor irá ficar confuso pois para o avaliador ‘A’ o fone tem grave em excesso, para o avaliador ‘B’ falta grave, e o avaliador ‘C’ pode achar o grave bom, mas apenas para determinados gêneros musicais.

Eu leio esses reviews, principalmente quando acabei de testar aquele fone, e fico me perguntando o grau de referência, conhecimento musical e equipamento utilizado para o teste?

Pois algum desses quesitos certamente está faltando – se não for todos!

O Meze 105 AER não fugiu a essa regra. Li quatro testes, dois acharam um bom grave, um achou que fica a desejar um pouco, e um quarto achou que o médio-grave é mais “evidente” que o grave. Os agudos idem: dois gostaram mas acharam “um pouco suave”, um achou o agudo “morto”, e outro gostou muito pois achou “extenso” e “suave”.

Vou ser chato, mas preciso falar pela centésima vez, amigo leitor: deseja saber a qualidade de um fone na resposta do Equilíbrio Tonal? Primeiro busque gravações que tenham uma boa resposta, sejam bem captadas e, se possível, apenas com instrumentos acústicos e vozes (não importa se não é o gênero musical que você curtiu, é apenas para avaliação de Equilíbrio Tonal), e coloque no volume mínimo em que todos os instrumentos são audíveis – e faça o teste em um ambiente com ruído externos baixo para não atrapalhar a audição.

No volume mínimo não pode existir picos e vales – “o que é isso, Andrette?”

Em volumes reduzidos, não pode haver frequências que soam mais proeminentes e outras que ficam mais escondidas. Pois as proeminentes são os picos e as escondidas são os vales. Entendeu?

Deixe seu cérebro interpretar. Relaxe, apenas ouça.

Como é o grau de inteligibilidade de todos os instrumentos?

Você necessita fazer algum esforço para acompanhar cada um deles?

Ou você precisa levantar o volume para que os graves apareçam?

Se isso ocorrer, esqueça meu amigo – pois nos graves o fone tem um vale que pode ser de mais de 3dB em relação à região média.

Ou o que ocorre é que em volume baixo, os graves aparecem mais que os médio-altos e os agudos. O mesmo problema, só que agora em outro ponto da frequência de resposta.

Ficou claro?

Então, o que eu faço quando recebo um fone, e já li que existem contradições nas conclusões sobre aquele produto? Esse é o primeiro teste que farei, depois de ter certeza de que o fone está 100% amaciado.

Sim! Fones também necessitam de burn-in! Não longos como caixas acústicas obviamente, mas pelo menos 24 horas eu os deixo tocando e vou tratar da vida.

E depois de amaciado, utilizo gravações feitas por mim para a nossa gravadora, ou de queridos amigos que acompanhei o processo de gravação, mixagem e masterização. Porque também são exemplos de referência confiáveis, pois em todo o processo não sofreram equalização ou compressão (se você quiser entender o malefício de compressão, leia o Editorial da Audiofone deste mês).

E posso garantir que no 105 AER não falta grave, nem médio e muito menos agudo! E seu Equilíbrio Tonal é tão bom, que você poderá curtir suas gravações sempre em volumes seguros.

Isso é o que esperamos (ou deveríamos esperar de qualquer fone hi-end). E o 105 AER entrega.

Para um fone de topologia aberta, seu Equilíbrio Tonal é bastante similar ao do 109 PRO, que praticamente custa o dobro.

As texturas também são muito similares ao 109, diferenciando apenas em termos de intencionalidade – que no modelo acima, é mais ‘explícita’.

Já os transientes, não consegui ver diferença alguma, o que mostra que o drive do 105 AER é bem similar ao do 109 PRO. Para os amantes deste quesito, o fato de ter uma opção pela metade do preço é uma excelente notícia.

A micro-dinâmica também é muito parecida entre os dois modelos – e já a macro-dinâmica no 109 é audivelmente superior.

Isso significa que seja limitada no 105 AER? Não, a diferença está nos degraus mais audíveis no 109 entre o pianíssimo e o fortíssimo.

No entanto, nada que desabone, desde que você não tenha o 109 lado a lado para comparar este quesito.

Lembre-se do velho ditado: “o ótimo é inimigo do bom”. Se não tem o ótimo, o bom vai muito bem! Não é verdade?

A materialização física dentro do cérebro, do acontecimento musical, é excelente, assim como no 109 PRO.

E em termos de conforto auditivo (musicalidade), o 105 AER possui a mesma assinatura sônica de todo fone Meze: é um deleite em boas gravações, permitindo profundas imersões auditivas.

CONCLUSÃO

Da nova linha deste fabricante, está faltando agora testar o novo 99 Classics Gen2, e o 105 SILVA (que custa 100 dólares lá fora a mais que este, e ainda não pesquisei quais são as diferenças entre os dois modelos).

O 105 AER é um belo fone e uma opção consistente para quem deseja, na faixa de 4 mil reais, uma referência em sua categoria de opções abertas.

É muito bem-acabado, construção sólida e performance digna de fones hi-end de ponta.

Se você está pedindo de Natal seu fone definitivo, é hora de colocar esse na lista de presentes!


PONTOS POSITIVOS

Padrão Meze de fones hi-end.

PONTOS NEGATIVOS

Pela sua faixa de preço e qualidade, exige um DAC à altura, ou será subutilizado.


ESPECIALIZAÇÕES

TipoAberto / Dinâmico
Conector de entradaDuplo TS de 3.5 mm
Tamanho do driver50 mm
Distorção Harmônica Total<0,1% (1 kHz)
Faixa de frequência5Hz a 30kHz
ConchasPC-ABS
Impedância42 Ω
Peso336 g
Sensibilidade112 dB SPL/mW (1 kHz)

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