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Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br

O ano de 2025 ficará marcado pela chegada de uma série de produtos superlativos ao nosso mercado!

E a melhor notícia é que não se trata de apenas produtos de valores estratosféricos, existindo neste pacote produtos também para os simples mortais.

Ainda que o P-3 da Soulnote seja um pré de linha para poucos, seu maior diferencial é seu grau de performance ser superior a muitos outros pré-amplificadores famosos, que custam muito mais que ele.

Então, amigo leitor, não tire essa importante informação de sua mente, OK?

Depois de avaliar cinco equipamentos deste fabricante, acredito que já tenha entendido tanto a filosofia de seu projetista, quanto a assinatura sônica de todos os seus produtos até aqui testados por nós.

E o que mais admiro é a capacidade do seu projetista de utilizar conceitos comprovados, com uma série de insights que objetivistas iriam desdenhar e sequer ouvir como soam.

E o resultado: todos os cinco produtos que avaliei são primorosos, tanto em termos de construção, como de robustez e performance.

A impressão que os produtos Soulnote passam até mesmo para um leigo, é que foram feitos para durar uma vida!
E acho que isso conta muito nos dias de hoje, em que os preços de produtos hi-end não param de inflar.

O P-3 é um pré de linha imponente, e que precisa de um rack que acolha ele e sua base de madeira – independente da qualidade do seu rack, haverá alterações sônicas ao instalar ou não a base.

E como eu sei?

Tive a oportunidade de usar o P-3 tanto no meu rack Finite Elemente Pagode, como também no rack da HRS (leia teste na edição de dezembro próximo), e ainda que o P-3 tenha soado maravilhoso em ambos os racks, ao colocar sua base, escutamos sutis melhorias.

Tenho a impressão de que o P-3 foi a ‘menina dos olhos’ do Sr. Kato, pois os detalhes são tantos que fica explícito que o projetista abriu seu leque de ideias ‘fora da zona de conforto’, integralmente.

Sente-se confortavelmente, coloque um disco e leia o grau de perfeccionismo na concepção técnica deste pré-amplificador.

Todos os relés utilizados são os RSR-2-12D proprietários da Soulnote, encapsulados em tubo de vidro, exclusivos e feitos sob medida, com resistores naked foil de alta precisão, do nível só utilizado por satélites (aqueles lançados ao espaço apenas nos últimos anos, pois se trata de um desenvolvimento tecnológico muito recente), que traz uma relação sinal/ruído ultra-baixa.

Sua saída de linha é equipada com um circuito balanceado discreto Type-R, que foi utilizado primeiramente no pré de phono S-3.

O volume do P-3 não utiliza potenciômetro, fazendo uso de relés e 156 resistores, tendo 144 passos de 0.5 dB, que mesmo com o volume quase que totalmente reduzido, possui um grau de nitidez e inteligibilidade impressionantes.

O cuidado com o aterramento é de um grau de preciosismo absurdo. Para eliminar qualquer tipo de ruído, a Soulnote desenvolveu um método para alternar não apenas o lado do sinal, mas também o do aterramento, de modo que a entrada não selecionada fique como se o conector estivesse desconectado do sinal que está sendo gerado.

O sistema de aterramento é completamente flutuante, para cada canal, tendo esses pontos isolados do chassis por cerâmica.

Sua topologia é a chamada Construção Monaural Dupla, utilizando duas placas de terminais de entrada/saída idênticas para: placas, circuitos de alimentação, transformadores de alimentação, circuitos de acionamento de relé e fontes de alimentação de relé.

Além disso, a alimentação do microprocessador é completamente separada, incluindo o transformador. E o controle de relé, que tem o único ponto de contato com o sistema de sinal, é completamente separado por um foto-acoplador.

E o P-3 ainda disponibiliza um ajuste no painel traseiro para mudar o aterramento do chassis e ouvir as diferenças em relação ao palco em termos de imagem sonora 3D, com um palco sonoro mais amplo e com silêncio profundo (descreverei esse ajuste mais abaixo).

O P-3 utiliza um transformador de grande porte, com 280 VA, com o objetivo de casar-se com qualquer amplificador que venha a ser usado. Sua montagem é vertical e seu aterramento é de 3 pontos, para evitar vibração e ruídos.

O botão de volume é feito de alumínio sólido e utiliza dois grandes rolamentos para eliminar qualquer folga mecânica, e possibilitar ajustes precisos de 0.5 dB sem erros.

Como todo produto Soulnote, a tampa superior do gabinete é flutuante, para não existir estresse mecânico e efeito de descarga de ar.

Quem quiser ouvir as diferenças, existem vários vídeos no YouTube do Sr. Kato demonstrando as diferenças sonoras entre tampa solta e parafusada, de seus produtos.

O arsenal de 4 entradas RCA e 4 XLR é admirável, e o P-3 possui um controle de comunicação UART em que o usuário define a entrada mestre e as entradas escravas, que seguirão a configuração mestre. Podendo adicionar diferenças de volume na entrada mestre das demais entradas, para que o controle flutuante de aterramento (GND) possa gerar problemas de loops devido a usar mais de uma conexão simultaneamente.

São 2 saídas XLR e uma RCA, e seu peso é de robustos 25 Kg (sem contar a base). Seu controle remoto é completo.

No painel frontal, do lado esquerdo temos na parte de baixo o botão por pressão de liga/desliga, pequenos botões em cima para selecionar as entradas balanceadas e single-ended, o logotipo ao meio e, do lado direito, o botão de volume com um pequeno display acima deste.

Tudo muito limpo e discreto.

No seu painel traseiro temos as chaves Bypass on /off, aterramento GND conectado ou separado por entrada, e todas as entradas e saídas, e a conexão de energia IEC.

Para o teste utilizamos os seguintes powers: Soulnote M-3 (clique aqui), monoblocos Nagra HD (clique aqui), e o Air Tight ATM-1E (clique aqui). Fontes digitais: Transporte Nagra, Streamer Nagra (clique aqui) e TUBE DAC Nagra (clique aqui). Fonte analógica: toca-discos Zavfino ZV11X (clique aqui), cápsulas Aidas Malachite Silver (clique aqui) e Dynavector XV-1t (clique aqui), com pré de phono Soulnote E-2 (clique aqui). Caixas acústicas: Estelon X
Diamond Mk2 (clique aqui), Basel BA-V01 (leia Teste 2 nesta edição), Stenheim Alumine Two.Five (clique aqui) e Audiovector QR-7 SE (leia teste na edição de dezembro). Cabos de caixa: Kubala Sosna Resolution, Zavfino (Teste 3 nesta edição) e Dynamique Audio Apex (clique aqui). Cabos de interconexão: Dynamique Audio Apex (clique aqui), Zavfino, Jorma e VR Cables (clique aqui). Cabos de força: Zavfino Silver Dart (clique aqui), Dynamique Audio Apex
(clique aqui) e Transparent Audio Reference G6 (clique aqui).

O pré de linha P-3 veio com 50 horas de amaciamento, fizemos uma primeira audição como nossos discos da Cavi Records, e o colocamos para amaciar por mais 150 horas.

O fabricante pede pelo menos de 200 a 300 horas. Sinceramente, com apenas 50 horas já soou tão bem, que fiz o restante da queima em respeito ao fabricante e para ter certeza sobre alterações após todo esse amaciamento.
O que posso dizer é que o sortudo que adquirir essa preciosidade, poderá desfrutar de sua beleza desde o primeiro instante, pois o nível que já sai tocando é muito bom!

Existem alterações no amaciamento? Existem, mas são bem pontuais, como a ampliação do palco sonoro (mesmo antes de brincar com a chave de aterramento), um piso na região grave que ganhará solidez e peso, e um agudo que irá respirar e ampliar a extensão.

Mas absolutamente nada em termos de alteração no equilíbrio tonal, transientes, dinâmica, corpo harmônico etc.
E depois de amaciado, acho que todo audiófilo irá querer saber como mudar a chave de aterramento altera o palco sonoro. Minha experiência foi que ele é alterado, mas não como passe de mágica. Algumas gravações irão soar como se ganhassem maior largura e profundidade, e outras não.

O que posso garantir é que apresentação de soundstage é divina em qualquer posição. Pelo menos em nossa sala e com os sistemas utilizados no teste.

Mas o P-3 dispõe desta possibilidade, então o que sugiro é: testem e escolham.

O que para mim mais surpreendeu no P-3 é o quanto sua neutralidade e precisão favorecem a audição de qualquer gênero musical, e com que conforto podemos ouvir nossos discos!

Pois seu equilíbrio tonal é soberbo, permitindo explorarmos detalhes de qualquer gravação. O limite será apenas a qualidade técnica da gravação, e nunca limitação deste pré de linha.

Tamanho grau de neutralidade só tinha escutado no Pré HD da Nagra (clique aqui), sendo que este custa três vezes o preço do Soulnote.

Então, imagine minha alegria poder ligá-lo ao meu power de referência, o Nagra HD, e ‘reouvir’ gravações que soaram tão impactantes quando ouvi o pré e power HD em nossa sala.

Foi um deleite perceber o quanto meu power pode render mais do que extraio no meu dia a dia.

Quando insisto com todos vocês que o primeiro e primordial quesito a ser buscado é o equilíbrio tonal, pois sem ele não há estrutura que se sustente, ouvir um pré com este nível de resposta tonal faz com que todos que desejam ter um sistema Estado de Arte ajustado entendam a importância deste quesito, para uma busca final.
Tudo soa de maneira rica, refinada e natural.

O soundstage é impactante, com seus planos, abertura de palco, profundidade e altura corretas, permitindo nosso cérebro reconhecer posições de cada instrumento, com apresentação de foco e recorte cirúrgicos.

E aquele respiro, que permite ao nosso cérebro identificar o tamanho da sala de gravação.

E quando avaliamos texturas com esse grau de primor no equilíbrio tonal e no soundstage, reconhecer os timbres dos instrumentos e a qualidade técnica deles e dos músicos, se torna um deleite sonoro.

É possível observar intencionalidades com tamanho detalhe, que chega a nos fazer questionar a razão de tantos outros prés de linha caros não o fazerem com tamanha simplicidade.

E aí eu lembro a todos vocês que certamente o mérito por tal performance está justamente na capacidade do projetista sair da zona de conforto e ousar e buscar soluções que, para muitos, podem parecer subjetivismo total.
O hi-end é feito dos detalhes e não apenas de fórmulas comprovadamente eficazes.

Pena que tão poucos projetistas tenham essa capacidade de questionar o inquestionável!

Os transientes deste pré de linha, como disse um querido amigo, “é como um tiro à queima roupa”. Ele está absolutamente certo em sua descrição da precisão e velocidade dos transientes. A música parece soar mais viva, intensa e convidativa.

E a dinâmica, tanto a macro como a micro, parecem nos fazer desejar tomar sustos e se divertir com eles. Pois a macro é exuberante e a micro nos mostra camadas de detalhes que outros prés nem sabem que esses acontecimentos pianíssimos estão lá.

Porém, antes que você intérprete essa frase acima de maneira errada, não falo de uma apresentação de micro-dinâmica que nos faça desviar a atenção do todo para ouvir aquele sutil ruído. Falo da micro-dinâmica presente na escrita do compositor, em que o pianíssimo é para ser executado da maneira mais delicada possível, com a digitação sendo tão cuidadosa que se apresente apenas como um sussurro.

Ou no cuidado que um instrumento de sopro necessita ter para que o barulho de chave não desvie a atenção da nota sustentada.

Equipamentos em que sua assinatura sônica é neutra, sua micro-dinâmica não pode e não deve ser confundida com a apresentação de micro-dinâmica que acontece em um produto que seja latentemente transparente, OK?

E ao ouvirmos o tamanho real dos instrumentos em nossa sala, é que entendemos a magnitude e importância do quesito corpo harmônico em nossa Metodologia, que só os melhores prés de linha são capazes de nos proporcionar.
E outra diferença que pode parecer banal ou irrelevante para muitos, mas que na nossa Metodologia faz uma grande diferença, é em relação a materialização física do acontecimento musical – a organicidade.

Pouquíssimos pré-amplificadores conseguem a façanha de trazer os músicos à nossa sala e, em algumas gravações, nos transportar para a sala do acontecimento musical. Conto nos dedos das mãos nesses 30 anos, os prés que conseguem trazer e também nos levar. E o P-3 faz parte desta admirável safra.

‘Estive’ na sala de gravação com Duke Ellington e John Coltrane no histórico encontro desses dois gênios, em disco gravado pelo selo Impulse, e tive o prazer de receber o mesmo Duke Ellington e seus músicos para nossa Sala de audição de Referência, com o belíssimo Blue Orbit (ambas gravações que só escuto em LP).

Meu amigo, momentos assim são memoráveis em todos os aspectos, pois você consegue dar sentido a este hobby e compreender todo o esforço e tempo dispensados a materializar seu sonho.

Não importa o que os outros pensem, pois você saberá que chegou lá!

CONCLUSÃO
Vou repetir pela quinta vez: se você ainda não ouviu Soulnote, deveria fazê-lo, pois este fabricante está se tornando uma referência no mercado hi-end muito rapidamente.

Seus produtos possuem uma assinatura sônica capaz de abalar a convicção de inúmeros audiófilos que ainda pensam que uma eletrônica neutra seja sem graça.

Não, meu amigo, pelo contrário: se o seu objetivo é a construção de um sistema Estado da Arte o mais fidedigno ao que está nas gravações que você tanto admira, não existe caminho mais consistente a ser trilhado.

Desarme-se de todos os preconceitos, e escute umas dez gravações que lhe são as mais queridas, e que contam parte de sua trajetória audiófila, e poderá se surpreender!

Pois o que você extrairá dessas audições poderá lhe fazer rever todas as suas convicções sobre o que é uma assinatura sônica neutra, e as inúmeras vantagens que se apresentam ao fazer essa escolha.

O P-3 é um pré de linha soberbo em todos os aspectos, com altíssimo grau de compatibilidade e um nível de performance final!

O segundo melhor pré de linha já avaliado na revista!


PONTOS POSITIVOS

Um pré de linha excepcional.

PONTOS NEGATIVOS

O preço, ainda que existam concorrentes muito mais caros que não têm seu nível de performance.


ESPECIFICAÇÕES

Entradas4x XLR, 4x RCA
Saídas3x XLR, 1x RCA
Distorção harmônica total0.0015% (1.5 Vrms)
Resposta de frequência2Hz a 1MHz (±3dB)
Ruído residual13μV (20kHz LPF)
Saída máxima21 Vrms
Impedância de saída6.8 ohms
Ganho máximo11dB
Consumo de energia20W
Dimensões (L x A x P)454 × 174 × 430 mm
Peso25 kg
Acessórios inclusosBase, spikes, controle remoto
PRÉ-AMPLIFICADOR SOULNOTE P-3
Equilíbrio Tonal 14,0
Soundstage 13,0
Textura 14,0
Transientes 13,0
Dinâmica 13,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 14,0
Musicalidade 14,0
Total 108,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



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