

Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br
Pelo menos o nosso leitor já está familiarizado com essa empresa canadense, fabricante de toca-discos, cabos e acessórios de excepcional qualidade, tanto em termos de construção, como inovação e performance.
O que, na minha opinião, consolida sua posição no mercado hi-end, é o grau de conhecimento de seu projetista, e de verticalização na construção de todos os seus produtos.
A empresa vai muito além de especificar tecnicamente seus produtos, atuando em todas as etapas de manufatura, quando o produto são seus cabos, por exemplo.
Passando pela escolha rigorosa da matéria prima, todo o processo de fiação, com controle integral nos processos de extrusão, criogenia, lavagem ultrassônica e aplicação de alta tensão para um pré-amaciamento de todos os seus cabos.
Esse requinte se estende ao desenvolvimento de técnicas e máquinas exclusivas para isolamento e trançamento de condutores, e até mesmo de seus próprios conectores.
No seu portfólio de materiais, encontramos as mais puras fiações de cobre OCC japonês e finlandês, até fios sólidos de prata com pureza de 99,9999%, além de uma gama de blindagens e dielétricos de ponta, incluindo o revolucionário grafeno.
O cabo de caixa da série Silver Dart, representa o ápice desta filosofia da Zavfino, sendo este o resultado de três anos de desenvolvimento dedicados à escolha dos melhores materiais, conectores e técnica de entrelaçamento proprietária H-Wound com uma construção multi-camada (chamada de “cabo dentro de cabo”) que integra diferentes dielétricos e blindagens.
Esse conjunto sofisticado de construção visa sonicamente permitir que o Silver Dart seja um cabo de alta velocidade, dinâmica e micro-dinâmica excepcionais, precisão de fase absoluta e integridade tímbrica completa.
O Silver Dart, no tratamento inicial da fiação, é extrudado por um processo descrito como ZVM (Zavfino Vacuum Melt), um método proprietário de fusão a vácuo que assegura a estrutura cristalina extremamente pura e ordenada da fiação, seguido por um banho ultrassônico e posteriormente um tratamento criogênico.
O que, no entanto, irá definir suas qualidades, segundo o fabricante, será sua geometria híbrida, que combina diferentes condutores sólidos e trançados.
O núcleo do cabo é composto por fios sólidos de prata 6N (99,9999% de pureza), responsável pela condução primária do sinal e pela velocidade, extensão e arejamento. Este núcleo é envolvido por fios finíssimos de cobre OCC, trançados pela técnica H-Wound, que totalizam 16.000 tranças por metro, um processo muito acima do utilizado no mercado, que é de 300 tranças/metro.
Segundo o fabricante, essa densidade é uma resposta ao skin effect (efeito de pele), assegurando a qualidade do sinal em todas as frequências, e com a vantagem adicional de uma imunidade às interferências externas de RF (Radiofrequência).
Sua blindagem utiliza uma combinação de técnicas e materiais que vão desde os tradicionais fios trançados de cobre até camadas de nanopartículas Um-Metal, um material magneticamente eficiente na proteção contra campos magnéticos de baixa frequência, como os emitidos por exemplo por transformadores de energia.
O sistema dielétrico do cabo de caixa é bastante sofisticado, utilizando uma abordagem mista com os melhores materiais disponíveis no mercado.
O Teflon (PTFE), que se destaca por seu fator de dissipação excepcionalmente baixo e estável em qualquer frequência. Com a vantagem de redução mínima de absorção dielétrica, resultando em uma sonoridade muito limpa e preservando a integridade dos transientes.
LDPE (Low-Density Polyethlene), com suas excelentes propriedades de isolamento com baixa absorção, com desejável flexibilidade e robustez mecânica, criando uma barreira dielétrica de alta eficiência.
E o Grafeno, em que a Zavfino foi pioneira na aplicação em cabos de áudio com o desenvolvimento do ZGRAPh-LDP (Zavfino Graphene – Low Density Polymer). Por ser um material bidimensional, composto por uma única camada de átomos de carbono dispostos em uma estrutura hexagonal.
Considerada por décadas uma mera hipótese teórica, sua existência foi comprovada em 2004 pelos físicos Andre Geim e Konstantin Novoselov. As propriedades do Grafeno são realmente extraordinárias, sendo o material mais fino e resistente conhecido atualmente. Sua condutividade térmica é de 5.300 W/mK, superior à dos nanotubos de carbono e de diamante.
Sua mobilidade de elétrons é superior a 15.000 cm/Vs, maior que a do silício monocristalino, e sua resistência elétrica é de aproximadamente 10 ohms por cm, mais baixa que a do cobre ou da prata, tornando-o o material com menor resistência elétrica que conhecemos.
A Zavfino constatou em testes que a aplicação deste material no cabo Silver Dart, traz tanto benefícios mensuráveis como audíveis. Pois ele completa a Blindagem Eletromagnética almejada pelo fabricante, isolando completamente o cabo de interferências externas (RF/EMI), eliminando cargas eletrostáticas, graças a sua excepcional condutividade, dissipando instantaneamente acúmulos de carga no dielétrico, neutralizando potencial fator de degradação do sinal.
Além de possibilitar estabilidade térmica e barreira anticorrosiva 100% eficaz, pois suas propriedades de dissipação de calor e sua extrema estabilidade física, somado a suas características mecânicas, criam uma blindagem hermeticamente selada, impedindo totalmente a oxidação dos condutores.
E isso assegura a performance sonora por décadas, prevenindo a degradação gradual do som.
Como é bom quando temos tantas informações essenciais passadas pelo fabricante ao distribuidor, e podemos compartilhá-las com todos.
Se você não conhecia a Zavfino, acho que a colocará no seu radar para possíveis upgrades, seja em cabos, toca-discos ou acessórios (leia o Opinião nesta edição sobre tapetes).
OK… foi uma longa introdução técnica, mas absolutamente necessária para podermos falar deste ‘diferenciado’ cabo de caixa da Zavfino.
Começaria por descrever minha observação tátil e visual: trata-se de um cabo imponente, que irá se destacar visualmente, querendo ou não seu usuário.
Pois para desenvolver um cabo com tantos cuidados em termos de durabilidade, e isolamento a todo tipo de ruído externo, é difícil imaginar um cabo leve, flexível e ‘slim’.
Ele é muito mais para um cabo ‘mangueira de jardim’, como pejorativamente muitos objetivistas, jocosamente se referem a cabos de grande diâmetro.
Agora, se a questão essencial para você, como é para mim, gira exclusivamente em relação à performance, eu não descartaria jamais ouvir o Silver Dart. Pois todo este rigoroso critério de planejamento e produção, foi pensado e testado exaustivamente por três anos, antes de ser colocado no mercado.
E já tive o prazer de testar e ouvir os cabos de braço de toca-discos, o de interconexão desta série, o de força, e estou agora ouvindo o cabo de braço Midas, acima do Silver Dart (teste na edição de março de 2026), e posso assegurar que a Zavfino sabe exatamente o que deseja, e tem meios para colocar em prática suas ideias de maneira inteiramente eficaz.
Eu sugiro que a todos que se interessarem pelo Silver Dart, também leiam o teste do cabo de interconexão e de braço (clique aqui).
Afinal, como toca este cabo de caixa?
Para o teste, tivemos à disposição um arsenal de amplificadores e caixas, uma lista bem extensa. Caixas: Audiovector Trapeze (clique aqui) e QR-7 SE (leia teste edição de dezembro), Dynaudio Contour Legacy (clique aqui), Basel Concept V01 (leia Teste 2 nesta edição), Wharfedale Super Linton (clique aqui), Stenheim Alumine Two.Five (clique aqui) e Estelon X Diamond MkII (clique aqui).
Amplificadores Integrados: Norma Audio Revo IPA 140 (clique aqui), Moonriver 404 Reference (leia teste edição de dezembro), PA 3100 HV da T+A (clique aqui), e Dan D’Agostino Pendulum (teste em breve).
Powers: Nagra HD, Dan D’Agostino Progression M550 (teste edição de dezembro), Air Tight ATM-1E (clique aqui), Soulnote M-3 (clique aqui), e Alluxity Power Two (teste edição melhores do ano).
As fontes digitais e analógicas foram as nossas referências, com pré de phono Soulnote -E2.
Prés de linha: Soulnote P-3 (leia Teste 1 nesta edição), Air Tight ATC-5s (clique aqui) e Nagra Classic (clique aqui).
Não lembro de nenhum outro cabo de caixa que tenha tido a disposição um arsenal tão grande de amplificadores e caixas para ser desafiado a mostrar a que veio.
A primeira dica: ainda que a Zavfino faça um pré amaciamento em todos seus cabos, os Silver Dart (todos que testei, e ainda mais o de força e de caixa) necessitam de mais umas 100 horas, para estabilizar, sendo as primeiras 24 horas as mais críticas. Pela minha experiência, pelo seu diâmetro e por vir enrolado, o stress mecânico é grande.
Então, meu amigo, não se assuste se ao ligar achar o som ‘engessado’ e os extremos capados. Pois com 24 horas isso irá desaparecer totalmente.
O que mais demora a surgir é a profundidade na imagem. Aqui todos os Silver Dart necessitam dessas 100 horas para ganhar maior profundidade e largura, e junto maior arejamento nas altas e mais energia nos graves.
O que mais impressiona nos cabos Silver Dart é seu impressionante silêncio de fundo.
Se você tiver exemplos de voz à capela, solos de instrumentos bem gravados, irá se surpreender como as notas desabrocham deste silêncio com enorme contraste entre o silêncio e o som. Dando um grau de inteligibilidade na micro-dinâmica impressionante!
Nosso cérebro adora esse efeito, principalmente se temos como referência aquele momento em que ao vivo, as luzes se apagam e emerge daquela escuridão à nossa frente a música, e nos pega de surpresa, fazendo nossa atenção ser redobrada.
As pessoas me perguntam como reconhecer um melhor silêncio de fundo, e eu digo para fazerem uma analogia com a imagem do branco, entre o simples reconhecimento do branco, com múltiplos mais brancos. Só fazemos essa distinção quando temos a referência do menos para o mais branco, certo?
No som, o reconhecimento se dá pelo grau de informação adicional de micro-dinâmica que ouvimos com maior facilidade.
E sugiro a todos que possuem uma sala razoavelmente isolada do ruído externo, fazerem este exercício de observação do silêncio de fundo com o volume o mais baixo possível.
Pois se ainda assim, ao romper o silêncio, o som for absolutamente reconhecido, você irá observar que existem cabos mais silenciosos e outros menos.
E o silêncio de fundo tem um outro importante benefício, permitir que mesmo em volumes reduzidos (na calada da noite) ouçamos todas as frequências (mesmo os graves que são os mais difíceis de perceber quando reduzimos muito o volume). O Zavfino Silver Dart passou no teste com honra ao mérito, em todos os amplificadores e caixas!
Seu equilíbrio tonal é exemplar: graves com enorme energia, definição, velocidade e corpo. Médios naturais, timbres fidedignos e uma riqueza de detalhes encantadora. E os agudos têm excelente extensão, arejamento e um decaimento muito correto e suave.
Novos leitores têm muitas dúvidas, e muitos me perguntam o que significa “decaimento correto e suave”?
Os melhores exemplos para você saber se seu sistema tem ou não um bom decaimento nos agudos, é observar a ambiência e decaimento de pratos de condução. Quando ouvimos um prato que está marcando o andamento da música, e o baterista troca de prato, por exemplo, este prato que acabou de ser tocado continuará soando por alguns segundos – o som dele não pode ser ceifado assim que o baterista parou.
São exemplos seguros para a análise deste quesito.
Assim como observar o tamanho da sala de gravação pelos reflexos do som dos instrumentos soando, ou a quantidade de reverberação digital acrescentada na mixagem.
Muitos participantes dos Cursos de Percepção Auditiva, ficam surpresos com as diferenças audíveis entre decaimentos corretos e ceifados.
O Silver Dart de caixa é muito bom em nos apresentar o tamanho das salas de gravação e os decaimentos de pratos.
Seu soundstage depois de 100 horas de amaciamento, nos apresenta uma imagem sonora 3D excelente, com ampla profundidade e largura. Recorte e planos muito bem delineados, e foco quase que orgânico!
Sua apresentação de texturas é corretíssima, com apresentação de timbres ricos e uma facilidade em seguir as intencionalidades sem esforço algum.
Interessante que seu silêncio de fundo ajuda não só na inteligibilidade da micro-dinâmica, como também na riqueza de apresentação de paleta de cores nas texturas, como no equilíbrio tonal em volumes bem reduzidos.
Provando que todo o cuidado extremo do projetista no desenvolvimento do cabo, foi eficaz sonicamente.
Will, o projetista e fundador da Zavfino, parece ter uma preocupação enorme com resposta de transientes, pois em todos os seus textos técnicos, ele dá muita ênfase a este quesito.
Entendo perfeitamente sua dedicação, pois muitas vezes li e ouvi que cabos muito grossos, com fios muito torcidos e apertados, deixam o som seco e morto (imagino que este morto, se refira a um som letárgico, sem graça, sem ritmo correto).
Como toda regra tem suas exceções, os que acreditam nessa ideia, precisam escutar a série Silver Dart. Pois se tem algo que estes cabos são referência é justamente na resposta de transientes!
Andamento e variação rítmica perfeita! Não tem como não se deliciar em ouvir transientes neste cabo.
E novamente lembro: foi assim com todo o arsenal de amplificadores e caixas utilizados.Então não posso apenas imaginar que seja uma questão de ‘sorte’ com os equipamentos que tínhamos disponível no momento.
A micro-dinâmica é uma referência quanto a qualquer cabo correto de qualquer preço, e a macro-dinâmica também é exemplar! As passagens do pianíssimo ao fortíssimo são apresentadas degrau a degrau, sem perda alguma de inteligibilidade ou compressão no sinal.
Um bom exemplo sempre é o Bolero, de Ravel.
Com este cabo você poderá deixar o volume na altura correta, e ouvirá desde o pianíssimo inicial ao fortíssimo final, sem ter que ir abaixando o volume à medida que o som cresce (algo que deixa inúmeros audiófilos frustrados ao ouvir essa obra em seus sistemas, pois nunca acertam o volume correto, para não ter que ficar no controle remoto monitorando).
Estabeleça o volume certo, sente em sua cadeira, e desfrute desta obra que é quase que um mantra sonoro ocidental.
Corpo harmônico, para os que acham que cabos grossos soam magros, novamente: preparem-se. Pianos de tamanho quase real, contrabaixos, órgãos de tubo, clarones, sax barítonos e tubas – que o cérebro que tiver a referência real desses instrumentos tocados ao vivo, irá se deliciar com a apresentação em sua sala.
Com todos esses atributos, a organicidade (materialização física do instrumento ou voz na sua frente) será impecável!
CONCLUSÃO
Existem revisores críticos de áudio que detestam avaliar cabos. Eu jamais tive esse problema. Pois tinha apenas 18 anos quando vi a diferença brutal entre um cabo de campainha trançado e um cabo OFC da Furukawa.
E assisti a dezenas de audiófilos, incrédulos com a magia que a troca de seus ‘flamenguinhos’ pelo Furukawa fez em seus sistemas e suas caixas.
Depois, já na Audio News, com o contato com diversos novos cabos, eu apenas ampliei minha admiração pelo que bons condutores podem fazer em um sistema correto. Então sempre curti testar cabos. Dá um enorme trabalho, e não existe outro componente na cadeia de áudio tão delicado e exigente para se avaliar.
Por isso tanto tempo que pedimos aos fabricantes e importadores, na disponibilização, pois iremos passar pelo maior arsenal possível de componentes para dar uma avaliação segura a todos vocês.
Os cabos da Zavfino estão comigo há mais de seis meses. Valeu a pena poder tê-los por tanto tempo, então estou muito seguro de minhas observações, espero que ajude a todos vocês que estão na busca do cabo final para seus sistemas.
Trata-se de um fabricante que veio para ficar em nosso mercado, por dois motivos: preço e performance.
Leiam os fóruns internacionais e vejam o número de audiófilos que citam exatamente esses dois critérios na escolha deste fabricante.
Eu fiquei com o cabo de braço Silver Dart (que agora estou trocando pelo modelo Midas), RCA, para o pré de phono, e o de força para este mesmo pré de phono. E estou absolutamente satisfeito, pois consegui dar ao setup analógico uma coerência sonora que precisava tanto para avaliações como para minhas raras horas de lazer.
Se são argumentos suficientes para você conhecer esses cabos, ótimo, se não forem, acredito que em algum momento eles irão cruzar com o seu caminho. Seja apenas por curiosidade, por contenção de custos ou, o mais importante, pela sua performance.
Eles simplesmente merecem um lugar de destaque no mercado hi-end mundial.
PONTOS POSITIVOS
Excelente construção e performance.
PONTOS NEGATIVOS
Bitola.
ESPECIFICAÇÕES
| Condutores | OCC (cobre monocristal) Prata sólida 6N sólida (99,9999% de pureza) |
| Construção | Núcleo 10AWG (2x) H-Wound com 16.000 torções/metro Limpeza ultrassônica e com alta tensão Criogenização somente do condutor |
| Dielétricos | Grafeno PTFE (Teflon) LDPE (Polietileno de baixa densidade) |
| Conectores | Teflon com pinos OCC banhados a ouro 24k BFA, Spade ou Banana com travamento |
| CABO DE CAIXA ZAVFINO SILVER DART | ||||
|---|---|---|---|---|
| Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
| Soundstage | 13,0 | |||
| Textura | 13,0 | |||
| Transientes | 14,0 | |||
| Dinâmica | 13,0 | |||
| Corpo Harmônico | 13,0 | |||
| Organicidade | 13,0 | |||
| Musicalidade | 13,0 | |||
| Total | 105,0 | |||
| VOCAL | ||||||||||
| ROCK, POP | ||||||||||
| JAZZ, BLUES | ||||||||||
| MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
| SINFÔNICA |


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