Espaço Aberto: QUEM TEM MEDO DA MÚSICA ELETRÔNICA ‘DE TIOZÃO’?

PATACOADAS DE ÁUDIO – novembro DE 2025
5 de novembro de 2025
Teste 4: VÁLVULAS RAY TUBES
5 de novembro de 2025

Christian Pruks
christian@avmag.com.br

Vira e mexe eu falo com alguém que descobriu nova música, música que não conhecia, lendo nossas indicações aqui na revista, nos últimos anos – tanto indicações tradicionais do Fernando Andrette, quanto as ‘esquisitices’ que eu costumava sugerir na minha seção Música de Graça.

Então, seguindo a ideia que eu já manifestei antes – em algum dos últimos meses – volto a indicar música ‘diferente’. E não tem nada mais ‘diferente’ para o meio audiófilo tradicional do que Música Eletrônica.

E, aqui, vale um ‘parênteses’: a Música Eletrônica que eu indico, NÃO é: moderninha, barulhenta, robótica, ‘dance music’, etc e tal – e sim música decentemente elaborada e bem arranjada. E, também, procurei não por nenhuma grande viagem enlouquecida, e nem ‘música para dormir em vendaval’… hehehe…

Mesmo assim, deixará de cabelos em pé todo tradicionalista que, aqui, não achará texturas de instrumentos acústicos e nem as intencionalidades de seus instrumentistas, por motivos óbvios.

Portanto, sim os sons são artificiais, os graves por vezes exagerados, o tamanho dos instrumentos pode soar com reverberação de um estádio de futebol – mas essa é a essência da coisa. Ame-os ou deixe-os. Eu nunca parei de sonhar, e sempre a composição e o arranjo final me foram mais importantes que o virtuosismo do intérprete, então também ouço esse tipo de música.

Gosto bastante de vários tipos e artistas de eletrônico, principalmente os mais antigos, que fizeram sua música décadas atrás. Pois, sim, é um tipo de música que vêm desde a década de 70.

Quatro das faixas sugeridas aqui são bastante recentes, sendo que as outras três têm 35 anos ou mais – o que, para alguns, pode significar ‘eletrônico à vapor’… rs!!! Mas são todas bastante bem gravadas.

Waiting for the Night (Depeche Mode) – A faixa menos ‘pop’ do disco Violator (1990) dessa banda inglesa conhecida por ser um dos exemplos mais notáveis do synthpop, e em atividade desde o início dos anos 80 até hoje.

OUÇA WAITING FOR THE NIGHT (DEPECHE MODE), NO TIDAL.

Valley of the Spirit (Kitaro) – O japonês Kitaro, em atividade desde a década de 70, funde percussão e flautas orientais com sintetizadores. Seu disco mais elaborado e interessante é, para mim, Final Call (2013), com essa faixa.

OUÇA VALLEY OF THE SPIRIT (KITARO), NO TIDAL.

Castle Went Dark (Craig Armstrong) – Armstrong é um compositor escocês de trilhas sonoras para filmes conhecidos modernos, o que inclui música orquestral, além da eletrônica. Essa faixa é um de seus trabalhos eletrônicos mais interessantes, da trilha do filme The Great Gatsby (2013).

OUÇA CASTLE WENT DARK (CRAIG ARMSTRONG), NO YOUTUBE.

Wait For Me (Vangelis) – Da emblemática trilha sonora original do filme Blade Runner (1982), finalmente editada pelo compositor em 1994. Vangelis, que foi tecladista e arranjador da banda de rock progressivo Aphrodite’s Child no final da década de 60 (com ninguém menos que Demis Roussos nos vocais), quase dispensa apresentações, sendo um dos principais compositores de eletrônico no mundo desde a década de 70 até seu falecimento em 2022.

OUÇA WAIT FOR ME (VANGELIS), NO TIDAL.

Albedo 0.06 (Vangelis) – Mais uma faixa, porém esta do disco Rosetta (2016), um de seus últimos, dedicado à missão da NASA de mesmo nome.

OUÇA ALBEDO 0.06 (VANGELIS), NO TIDAL.

Seth Pt.6 (Klaus Schulze) – Essa faixa, do álbum Deus Arrakis (2022), é um dos mais interessantes trabalhos do prolífico alemão Klaus Schulze, lançado três meses após seu falecimento. Prolífico, com 47 discos lançados, Schulze – que também era percussionista – foi um dos fundadores do tradicional grupo alemão de eletrônico Tangerine Dream, o qual também é muito prolífico e está ativo desde a década de 70 até hoje.

OUÇA PASSAGE (VINCE CLARKE), NO TIDAL.

Passage (Vince Clarke) – Clarke é um caso curioso, pois foi um dos fundadores de três dos mais notórios grupos de synthpop da década de 80: Depeche Mode, Yazoo e Erasure. Esta faixa é do disco Songs of Silence (2023), extremamente intimista e emocional, baseado em suas perdas durante a pandemia, com sonoridade mais tradicional, à moda antiga, o que não podia estar mais longe do resto de seu trabalho pop.

Muitos dos que eu estou vendo correndo rua abaixo com os braços para cima, gritando, após tentarem ouvir essas faixas, me dão a vantagem – pelos menos – de que enquanto fogem, não conseguem mandar e-mail me xingando em: christian@avmag.com.br.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *