Vinil do Mês: PETER GABRIEL – BIRDY (CHARISMA / VIRGIN / GEFFEN, 1985)

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Christian Pruks
christian@avmag.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação

Gênero: Trilha Sonora / Rock Progressivo / Ambient

Formatos Interessantes: Vinil Importado

Peter Gabriel – frequentemente abreviado simplesmente para PG – é o que eu considero um dos melhores músicos do rock (e afins) do final do século 20.

É um daqueles caras que, quando você gosta do trabalho dele, sai atrás de todos os discos, e não só de uma ou outra parte selecionada na discografia – ou, pelo menos, foi assim para mim até o final da década de 90, mais ou menos, sendo que o que veio depois perdeu um pouco do meu interesse. Mas, não estou aqui para criticar a carreira e a existência musical desse grande cantor, compositor, arranjador e instrumentista inglês.

Selo

Curiosamente, para mim, tanto o Phil Collins solo quanto o Genesis na fase dele, têm ambos coisas musicalmente muito interessantes, mas completamente diferentes do Genesis original com PG, e isso é algo que divide fãs até hoje! Até porque Collins é um dos maiores bateristas do rock, e tem um certo ‘Toque de Midas’, já que tudo com que se envolveu fez um bocado de sucesso.

Para vários gostos temos, com bom material, Genesis com PG, Genesis com Collins, Collins solo e, a cerejinha do bolo, na minha opinião: PG solo, com sua paixão não só pelo progressivo, mas pela world music e pelo experimentalismo, especialmente com ritmos, já que PG tinha sido, bem jovem, baterista.

PG é conhecido primeiramente por ser uma das melhores e mais reconhecidas vozes do rock progressivo, como um dos vocalistas, letristas e fundadores do grupo Genesis. É conhecido também por vários dos discos que fez até 1975 – quando saiu da banda e o baterista Phil Collins foi promovido aos vocais – que estão sempre na lista de todo mundo dos melhores discos da história do progressivo.

Iniciando sua carreira solo em 75, ele foi lançar seu primeiro álbum em 77 – e passou esse tempo não só cuidadosamente explorando ritmos e sons, mas também estudando mais profundamente o teclado que, na carreira solo, se tornou seu principal instrumento, depois da voz.

Seus 4 primeiros discos solo são suas obras de arte, entre 77 e 82, expressando seu experimentalismo e sua qualidade como compositor. Muita gente que gosta de Genesis não é muito fã desses discos, porque a única semelhança entre as duas fases é a voz. Mesmo assim, para quem quer conhecer esse trabalho de PG, recomendo que ouçam o fenomenal disco ao vivo Plays Live, de 1983.

No final dessa fase – e um pouco antes de seu disco de maior sucesso até hoje, So (Virgin Records, 1986) – PG lançou seu primeiro álbum de trilha sonora, para o filme Birdy (Asas da Liberdade), do cineasta inglês Alan Parker, baseado no livro de William Wharton que tem como pano de fundo a experiência traumática de dois jovens com a Guerra do Vietnã.

A trilha que PG fez evoca um bocado de seu trabalho com rock progressivo e world music, inclusive trazendo temas usados em seu, então, mais recente disco, de 1982 – mas a trilha é apresentada como um instrumental com uma sonoridade tipo eletrônico ambient, bastante atmosférica. Porém, isso é enganoso, já tem muitos mais instrumentistas no disco do que apenas os teclados e sintetizadores.

Contracapa

A trilha de Birdy é a primeira colaboração de PG com o produtor canadense Daniel Lanois, que depois produziu o disco So (1986), além de ter produzido artistas como Brian Eno, U2, Sinéad O’Connor, e muitos outros. O time que toca nesta trilha de Birdy inclui: Peter Gabriel (teclados), Jon Hassell (trompete), Larry Fast (teclados), Tony Levin (baixo), Jerry Marotta (bateria e percussão), David Rhodes (guitarra), Manny Elias (bateria), Morris Pert (bateria e percussão), e John Giblin (baixo).

Peter Brian Gabriel continua na ativa, aos 75 anos de idade, tanto em seu longo ativismo humanitário, quanto em sua produção musical, com 10 álbuns de estúdio, 7 álbuns ao vivo e 4 trilhas sonoras – para não falar da longa lista de participações.

CURIOSIDADES

O disco foi gravado totalmente em apenas seis semanas, no estúdio particular de PG, em sua residência em Ashcombe House, na Inglaterra – poucos anos antes da construção de seu famoso complexo de salas de gravação Real World Studios.

O diretor do filme, Alan Parker – famoso por filmes como Expresso da Meia-Noite (1978), Mississipi em Chamas (1988), Evita (1986) e Pink Floyd The Wall (1982) – declarou que trabalhar e lidar com PG foi tranquilo, bem diferente de trabalhar “com megalomaníacos como Roger Waters”… rs!

Peter Gabriel & Alan Parker em estúdio

Faixas da trilha de Birdy foram usadas na década de 80 em filmes dos cineastas John Woo e Tsui Hark, ambos de Hong Kong, e também no filme Assassinos por Natureza, do americano Oliver Stone, além de aparecerem em vários trailers de filmes.

Para quem é esse disco? Para todos os fãs de rock progressivo, de world music, de trilhas sonoras, e especialmente fãs de Peter Gabriel, e fãs de música eletrônica estilo ambient, bastante atmosférica.

Prensagens boas? As melhores prensagens são sempre as originais do primeiro ano de tiragem, como as do Reino Unido (Charisma / Virgin), depois as boas europeias (também Charisma / Virgin), e a americana (Geffen Records). Obviamente, o objetivo do colecionador são as prensagens originais inglesas, e o objetivo do audiófilo são as prensagens originais japonesas. Existe um vinil 200 gramas (Classic Records, 2002) – audiófilo em sua plenitude – que deve custar o resgate do primogênito do rei, mas deve ser sensacional! Já das prensagens de 180 gramas de 2017, 2022 e 2024, eu não ponho a mão no fogo até ouvir.

Um setembro muito musical a todos!

Ouça um trecho de Birdy, no YouTube.

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