

Fernando Andrette
fernando@avmag.com.br
Quem ainda não caiu na tentação de se desfazer da sua coleção de CDs e mergulhou de cabeça no streamer?
Eu faço frequentemente essa pergunta nos nossos Cursos de Percepção Auditiva, consultorias e Workshops.
E, à medida que os anos passam, percebo que a resistência em não cometer este erro é muito maior do que ocorreu com a entrada do CD no mercado, na década de oitenta, em que as pessoas se desfizeram de seus LPs a preço de banana, fazendo a alegria e o lucro de milhares de sebos espalhados por todos os continentes!
Percebendo essa ‘resiliência’ duradoura, é que estamos vendo nos últimos cinco anos muitos fabricantes mantendo em sua linha CD-Players ou até mesmo resgatando esse produto no seu portfólio.
E dou risada quando leio ou vejo novos revisores, ‘encantados’ com a descoberta da sonoridade do CD em relação ao streamer.
E mesmo audiófilos rodados, que se desfizeram de suas mídias físicas, ao ouvirem um sistema em que a fonte é um CD-Player bem ajustado em um sistema hi-end, suspiram fundo e reconhecem que poderiam ter mantido ao menos aqueles discos mais significativos.
O que questiono é: como tantos audiófilos abrem mão da qualidade apenas por mais praticidade?
Pois foi este o ‘mote’ para a substituição do LP pelo CD e, agora, o mesmo discurso se repete com a praticidade que o streamer oferece ao usuário, sem ocupar espaço físico e ter aquela dor de cabeça para manter os CDs razoavelmente organizados nas prateleiras.
Quando escuto pela milésima vez esse argumento, ouço silenciosamente até o final e aí faço uma única pergunta: você já ouviu falar em tempestades solares?
Pois se você souber dos riscos de uma tempestade solar G5 dirigida diretamente para o Planeta, e que tudo que estiver armazenado nas ‘nuvens’ correm riscos reais de sumirem, você talvez não coloque todos os ovos em apenas um cesto.
E esse risco é cada vez mais iminente, acredite!
Voltando a todos os ‘precavidos’ e apaixonados pela sua coleção de CDs eu tenho uma ótima notícia para vocês. O mercado hi-end tem excelentes propostas de CD-Players para reforçar o quanto essa mídia ainda soa muito bem!
E um dos expoentes desta nova safra de CD-Players hi-end é o Norma Revo CDP-2 – que também é um DAC para os que possuem um Transporte ou um Streamer.
Nosso leitor assíduo, certamente leu o teste do integrado Revo 140 (clique aqui) um dos nossos integrados de referência, e portanto estávamos ansiosos para poder ouvir este conjunto e descobrir se o Revo CDP-2 se encontra no mesmo patamar do seu parceiro.
A Norma Audio Electronics é uma empresa italiana fundada em 1987, por Enrico Rossi, um engenheiro com sólida formação profissional e ideias bastante originais, e que se mostraram através de todos esses anos esplendidamente convincentes.
Todos os seus produtos, levam anos antes de chegarem ao mercado. Pois seu perfeccionismo o faz ouvir etapa por etapa de cada protótipo para os ajustes necessários.
No caso deste CD-Player, foram quatro anos, pois à parte eletrônica por ser toda desenvolvida pela Norma, exigiu muito mais tempo do que o imaginado.
O CDP-2 utiliza o confiável transporte da TEAC, e a seção DAC é um circuito totalmente proprietário, desde o próprio circuito D/A, passando pela conversão, até o circuito de saída.
Em termos de aparência, o CDP-2 segue o mesmo padrão de toda a linha Revo. O chassis é feito de chapas grossas de alumínio e a parte frontal é fresada a partir de uma peça também do mesmo material.
O painel frontal tem um grande visor azulado que permite ler de longa distância (o que acho excelente). Acima do enorme display temos a gaveta e, na lateral do lado esquerdo, um pequeno botão para ligar o aparelho. Do lado direito, os botões para abrir gaveta, play, stop e avançar e retroceder as faixas.
Na parte traseira, temos tomada de IEC, botão de liga desliga, saídas analógicas RCA e XLR, e aí todas as entradas digitais do DS-2 que faz parte deste belo pacote: USB para reprodução em PCM e DSD 512, AES/EBU, coaxial e óptica para PCM até 24/192 kHz.
A Norma guarda a sete chaves a implementação de seu DAC proprietário, afirmando apenas tratar-se de uma combinação de circuitos digitais e analógicos em um circuito multi-bit, e não um circuito delta-sigma.
O que faz muitos deduzirem que possa ser uma escada de resistores R-2R controlada por um chip DSP com um algoritmo proprietário.
O módulo em questão está totalmente revestido em resina, e blindado.
O filtro digital antes do conversor também foi idealizado pelo fabricante, sendo baseado no filtro DF 1706 da Burr-Brown com uma sobre-amostragem de oito vezes.
O DAC é alimentado por um transformador toroidal com secundários separados para a seção digital e analógica. E no circuito são encontrados 24 estabilizadores de tensão.
Seu controle remoto é o RC-31 CD, feito de alumínio, com todos os comandos nele.
Para o teste utilizamos obviamente o integrado Norma Revo 140 (clique aqui) o Arcam Radia SA45 (clique aqui) e o Moonriver 404 Reference (teste edição de novembro próxima). Os prés de linha foram Air Tight ATC-5s (teste em outubro próximo), Nagra Pre Classic, e os powers Air Tight ATM-1E (Teste 1 nesta edição) e Nagra HD. Os cabos de interconexão foram Zavfino RCA Silver Dart (clique aqui) e Dynamique Apex XLR (clique aqui). Os cabos de força foram Virtual Reality (clique aqui), Zavfino Silver Dark e Transparent Audio Reference G6 (clique aqui). Os cabos digitais para o teste do DAC interno foram o USB Dynamique Apex (clique aqui) e AES/EBU Dynamique Apex (clique aqui).
O aparelho nos foi enviado com menos de 100 horas de queima. Então fizemos o mesmo caminho de sempre: ouvimos as gravações dos discos da Cavi Records, fiz minhas anotações pessoais e o coloquei por mais 50 horas de amaciamento em repeat, ligado ao integrado Moonriver 404 Reference, que também está em início de amaciamento com as caixas Stenheim Alumine Two.Five (teste de setembro próximo).
Nas observações iniciais, anotei: “que incrível vivacidade e fluidez!” – sim, em minhas anotações pessoais me permito usar expressões que sejam fáceis de memorizar, quando tiver que puxar para algum comparativo futuro com aparelhos similares, quando obviamente usarei os mesmos discos produzidos por nós, tocando no mesmo setup com que fiz essa primeira impressão.
Mas o CDP-2 não é apenas fluido, ele possui virtudes absolutamente convincentes também dentro dos quesitos de nossa Metodologia.
Eu não me lembro de nenhum outro CD-Player recente por menos de 10 mil dólares que possua um equilíbrio tonal tão correto e coerente como esse Norma. A maneira de fazer a prova do grau de coerência do equilíbrio tonal, é ouvir as gravações de referência abaixo de 65 dB e observar se está tudo lá.
Geralmente, neste volume, se o equilíbrio tonal não for perfeito, os graves irão ficar aparecendo e sumindo dependendo da variação dinâmica do instrumento.
Com o Norma isso não irá ocorrer nunca! Pode ser no menor volume audível, que os graves estarão presentes e sem nenhuma dificuldade de acompanhar.
E nos volumes ‘normais’ em que utilizamos para as avaliações, entre 75 e 88 dB, existe uma energia, presença e deslocamento de ar, desconcertantes para apenas um CD-Player na sua faixa de preço.
A região média é fluida, transparente, e muito realista! Nada soa artificial ou sombreado. Instrumentos acústicos e vozes soam naturais, orgânicos e verossímeis!
E os agudos são do nível de CD-Players e DACs Estado da Arte Superlativo!
Lindos são o decaimento, a extensão e o corpo.
Se tem um quesito em que tudo que ouvi da Norma se destaca, é a apresentação do Palco Sonoro, com amplo espaço, tanto em largura, como altura e profundidade. A música está para muito além da lateral das caixas e para trás das paredes.
Amantes de música clássica se sentirão agraciados com a amplitude, respiro e reprodução da ambiência da sala de gravação.
O engenheiro projetista Rossi sempre se orgulha de falar dessa qualidade de seus equipamentos. E realmente é muito admirável o resultado obtido.
Mas eu pessoalmente me apaixonei pelo integrado da Norma por dois motivos: equilíbrio tonal e textura! Acho que essas são as duas virtudes que diferenciam a Norma de outros excelentes fabricantes de hi-end.
Pois percebo que nesses dois quesitos (além do soundstage tão admirado pelo projetista) a Norma embasa toda sua filosofia e assinatura sônica de seus produtos.
As texturas possuem paletas de cores, que tornam os timbres dos instrumentos extremamente convincentes. Nos permitindo diferenciar não só a qualidade do instrumento, como também a escolha do microfone do engenheiro de gravação e a técnica do instrumentista.
Mesmo que você não se atenha a esses detalhes, neste Player serão tão explícitas essas diferenças, que seu cérebro irá notar e memorizar.
E depois que isso ocorrer, se prepare, pois ao ouvir suas gravações sem essas ‘nuances’, você irá achar algo estranho.
Pois é assim que funciona nosso cérebro. Sabe aquela máxima que diz que o excelente é melhor que o bom?
Exatamente é assim que seu cérebro lhe dirá de texturas que não foram tão ‘ricas’ como naquele Norma!
Quando deixei anotado a vivacidade como uma de suas características – nas minhas primeiras impressões – foi justamente ouvindo a faixa 5 do disco do André Geraissati – Canto das Águas, que mostrou o quanto seus transientes eram incisivos e corretos, deixando a reprodução desta complicada faixa, tão impactante quanto ouvir a mesma sendo gravada dentro da sala junto com os músicos (hábito que sempre tive em todas nossas gravações, para poder memorizar os timbres e as intencionalidades o máximo possível).
Se você ama acompanhar seus discos batendo os pés, não imagino opção melhor para fazê-lo se o Norma estiver na sua faixa de consumo.
A dinâmica também foi uma grande surpresa, pois este CD-Player não é daqueles que, para ‘impactar’ o audiófilo, se mostra ‘nervoso’ com a faca entre os dentes o tempo todo.
Pelo contrário: ele só o faz quando necessário. Mas se precisar, ele estará perfeitamente preparado para qualquer fortíssimo que surja!
E a microdinâmica, graças à sua transparência, é exemplar. Tudo que foi captado será reproduzido, porém sem o ouvinte perder a concentração do todo para ouvir o detalhe!
Quanto ao corpo dos instrumentos, muitos que estão acostumados a uma ‘simulação’ de instrumentos reais, terão uma surpresa com o tamanho dos contrabaixos, do piano de cauda, tuba ou órgão de tubo!
E materializar o acontecimento musical a sua frente, é algo tão simples e natural como estar em uma apresentação a três metros dos músicos.
CONCLUSÃO
Eu escrevi nas minhas conclusões do amplificador integrado da Norma, o quanto eu havia sido surpreendido pelas suas inúmeras qualidades e como o Sr. Rossi conseguiu materializar seus conceitos e ideias em seus produtos, de maneira tão eficaz, que ficamos nos perguntando como ele fez aquilo?
Pois a música parece fluir sem esforço e de maneira tão convidativa que não sobra espaço para nenhum tipo de elucubração mental sobre topologia, escolha de componentes, que truque foi usado para aquele resultado… Seu cérebro quer apenas mergulhar mais e mais fundo, e só!
Pois o CDP-2 me surpreendeu ainda mais que o Evo 140, pois não estava preparado para ouvir um CD-Player de menos de 10 mil dólares capaz de uma performance tão impressionante!
E seu DAC certamente é o responsável por este nível de reprodução eletrônica. E fiquei ainda mais chocado, quando para fechar a nota do aparelho, liguei o DAC no nosso Sistema de Referência, bem acima dos equipamentos que havia utilizado e vi que ele podia render ainda mais!
Meu amigo, se você está à procura de um CD-Player com um nível de performance Estado da Arte Superlativo, e quer gastar apenas o necessário para realizar este tão almejado sonho, faça um favor a si mesmo e escute o CDP-2.
Ele certamente irá fazê-lo reouvir todos os seus CDs ainda com maior prazer e emoção.
O engenheiro Rossi está mais uma vez de parabéns pelo belo produto criado. Entendo perfeitamente os quatro anos necessários para criar essa joia musical!
PONTOS POSITIVOS
Um excepcional CD-Player e DAC.
PONTOS NEGATIVOS
Absolutamente nada.
ESPECIFICAÇÕES
| Conexões | Saídas de linha RCA e XLR balanceada |
| Tensão de saída | 3,0V RMS (+10 dBV) RCA (0 dB) 6,0V RMS (+16 dBV) XLR (0 dB) |
| Impedância de saída | 200 ohms |
| Resposta de frequência | 0Hz a 22KHz (+/- 0,3 dB) (limitado ao padrão CD) |
| Filtro de saída analógico | 0Hz a 180kHz (+/- 3 dB) |
| Resposta de frequência do estágio analógico | 0Hz a 2MHz (+/- 3 dB) |
| Conversor D/A | DAC proprietário da NORMA, modelo A-DAC 1 |
| Conversão I/V | Por topologia proprietária com componentes discretos |
| Estágio de saída | Topologia proprietária com componentes discretos, alta linearidade e baixo ruído |
| Dimensões (L x A x P) | 430 x 75 x 350 mm |
| Peso | 10 kg |
| CD-PLAYER NORMA REVO CDP-2 | ||||
|---|---|---|---|---|
| Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
| Soundstage | 12,0 | |||
| Textura | 13,0 | |||
| Transientes | 12,0 | |||
| Dinâmica | 12,0 | |||
| Corpo Harmônico | 13,0 | |||
| Organicidade | 13,0 | |||
| Musicalidade | 13,0 | |||
| Total | 101,0 | |||
| VOCAL | ||||||||||
| ROCK, POP | ||||||||||
| JAZZ, BLUES | ||||||||||
| MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
| SINFÔNICA |


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