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Christian Pruks
christian@avmag.com.br

Uma nova seção mensal – trazendo disparates ditos sobre áudio e audiofilia!

patacoada (substantivo feminino)
dito ou ação ilógica; disparate, tolice.
gracejo desabusado.

Em cartaz, este mês, os seguintes ‘gracejos desabusados’:

REVISORES DE EQUIPAMENTOS DE ÁUDIO MISTURANDO TERMOS CONTRADITÓRIOS

Já é difícil de saber como algo toca, ouvindo a descrição dada por outras pessoas, mesmo quando elas falam coisas lógicas.

Mas, uma bobagem ilógica que eu tenho visto bastante, é gente dizendo que um determinado equipamento é “neutro e transparente”… Bom, ‘neutro’ quer dizer um equilíbrio entre assinaturas sônicas que procura expressar uma naturalidade tímbrica e de equilíbrio tonal, ou seja, o mais próximo de uma coisa ‘inconveniente’ chamada Realidade. Ser ‘transparente’ em um equipamento, quer dizer mostrar a ‘Realidade’ sob uma luz maior do que ela realmente tem.

Para exemplificar isso, volto aqui sempre no exemplo de quando fui no coquetel de lançamento da primeira TV 4K (primeira para mim, mais do que para eles, rs!), onde a opinião sincera que emiti para um colega próximo foi: “Essa TV ‘enxerga’ melhor do que eu!”. Ela mostra um nível de detalhamento tão maior que a Realidade, e com tanta luz em cima, que o que vêm à cabeça é: “artificial”! Não é inventar detalhes que não existem, e sim dar ‘luz’, dar ênfase artificial e enorme sobre tais detalhes.

Compreenderam?

Claro que, nessas horas, eu lembro de outras frases mal pensadas, como a “extensão de médios” que falaram que um equipamento tinha – o que a gente espera sinceramente que aconteça, já se os médios não se estenderem nem para cima nem para baixo, eles não se conectam nem com os agudos e nem com os graves, ficando um ou mais buracos na resposta de frequência. Gente, não existe “extensão de médios”! A pessoa que falou isso, suponho, estava querendo se referir ao quão pronunciados os médios eram (acho).

Muito revisores sem uma mínima Metodologia (que é algo ‘repetível’ por natureza e, portanto, algo que expressa com maior clareza e certeza, uma análise), adoram usar uma ‘sopa de letrinhas’ aleatória, sem sentido, atribuindo adjetivos que só fizeram sentido dentro da cabeça deles – se tanto.

Não falo isso porque eu sigo e defendo uma Metodologia que foi fruto de um bocado de pensamento e estudo sobre o assunto – e que, reconheço, não é fácil e nem tampouco perfeita. Mas quando vejo tanta mídia audiófila atirando para todo lado, eu sinto que somos (esta revista) privilegiados.

Muitos revisores parecem, em horas, perceber que existem aspectos que, após serem observados, devem ser expressados nos textos, para explicar o que ocorre com a sonoridade do equipamento analisado, mas têm dificuldade de expressar esses aspectos Qualitativos – e isso é principalmente por falta de uma Metodologia a qual já tenha sido explicada com clareza ao leitor, e sido utilizada com constância.

E não, agudos não soam “como um travesseiro de baunilha em uma manhã de inverno”, entre outros!

‘ESPECIALISTAS’ DEBATENDO SE PALCO É REALMENTE TÃO IMPORTANTE ASSIM NO ÁUDIO

Nesse caso específico me pareceu que eram jovens – o que ajudou a explicar (para mim) o disparate.

Nada contra os jovens – conheço vários que têm compreensão musical e sonora, e muitos deles estão virando grandes profissionais do áudio e da música. Espero não correr o risco de parecer o velho chato esquisito que toma conta do parque de diversões abandonado e mal-assombrado nos desenhos do Scooby-Doo…

A verdade é que tem muito audiófilo jovem que tem um gosto musical mais voltado ao eletrônico e ao elétrico hiper processado, onde a noção de palco sonoro está desaparecendo devido à essas gravações e até os tipos de música não representarem mais nenhum acontecimento musical do mundo real, ou algo que sequer se assemelhe. Daí, a própria noção do palco cai por terra.

A noção de alguém tocando a música na sua frente, em um ambiente físico, vai deixando de existir – e, com ela, vai uma das maiores vantagens da música: transportar você para outros mundos e dimensões. E esse ciclo vicioso talvez ajude a explicar o porquê da relação das pessoas com a música estar ficando cada vez mais superficial.

Acho também ser possível que essa ‘perda do palco’ tenha um pouco a ver com a baixíssima preocupação com a correta posição das caixas acústicas dentro de suas salas de audição – o que, também, sabemos que compromete outros aspectos Qualitativos do som.

‘ESPECIALISTAS’ DECLARANDO QUE CABOS, SE FOREM BEM E CORRETAMENTE CONSTRUÍDOS, SÃO TODOS IGUAIS

Esses ‘profissionais’ da área declararam que se dois cabos forem suficientemente bem construídos, e ambos forem feitos de acordo com as normas, de acordo com as especificações técnicas necessárias para sua específica aplicação, então não há como haver diferenças sonoras entre um e outro…

E quem ouve essas diferenças, quem educou sua audição e as percebe, faz o quê?

Essa bobagem já foi proferida por vários engenheiros – e infelizmente vários deles não conseguem exceder aquilo que aprenderam na faculdade, e entender que o mundo é multidisciplinar, em conjunto com várias outras ciências que afetam os resultados. Isso porque escolheram, também, ignorar sua própria doutrina, fazendo vista grossa para diferenças de material dos contatos, da condutividade do material dos fios, do tipo e isolamento de interferências usado, etc.

E, se existem diferenças sonoras, então obviamente tocam diferente! (desculpem a redundância). E se tocam diferente, e existe Referência de Qualidade Sonora quanto às gravações e como elas devem ser, então claramente entre os ‘diferentes’, haverá um melhor!

Eu fiz o caminho que a Real ciência faz: observar fatos e resultados, e depois ir buscar a ciência que os explique – que, no caso dos cabos de áudio, ainda não ‘chegou lá’, mas está à caminho. Eu e uma grande quantidade de audiófilos já percebemos na prática que cabos diferentes dão resultados sonoros diferentes – e que para isso é preciso ter os ouvidos treinados com os aspectos Qualitativos da música e da sonoridade de sistemas de áudio.

E estou tranquilo quanto à essa habilidade de perceber esses resultados, simplesmente porque, dentro da minha vida profissional na área de áudio, notei que esses resultados são repetíveis. Simples assim. Então o escárnio dos vários ‘especialistas’ que odeiam cabos é, contra mim, perda de tempo.

“Se você quiser três opiniões distintas, pergunte para dois audiófilos!” – frase jocosa da década.

E que setembro nos traga ainda mais Patacoadas Divertidas!

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