Vinil do Mês: JETHRO TULL – SONGS FROM THE WOOD (CHRYSALIS, 1977)

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Christian Pruks
christian@avmag.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação

Gênero: Progressivo / Folk-Rock

Formatos Interessantes: Vinil Importado

A célebre banda inglesa Jethro Tull, que muitos acham que é escocesa, foi formada em 1967 em Blackpool, no noroeste da Inglaterra, por Ian Anderson, um escocês que lá morava desde os 13 anos de idade – com todos os outros membros sendo ingleses.

Acho que é a banda de rock progressivo com sonoridade mais característica, e ‘gostável’, que já existiu – apesar de eu já ter ouvido gente famosa dizer odeia o som deles. Quem já ouviu Jethro Tull, sabe o quão reconhecível é sua música, a voz e o jeito de cantar de Anderson, e sua flauta, suas claras influências do folk britânico – e toda sua encenação de menestrel, que foi um tipo de músico itinerante e contador de histórias medieval.

Apesar de ser mundialmente aceito que Thick as a Brick, ou Aqualung, são os melhores álbuns da banda – na verdade eles têm, em sua longa carreira, um bom monte de álbuns ótimos. Mas, o meu disco preferido do Jethro Tull é Songs From the Wood, chamado por um crítico de ‘o mais belo álbum’ deles, e um retorno às origens mais folk, que durou até o final da década. É o disco deles, para mim, com o melhor tempero do folk e do medieval britânico, enquanto outros trazem um folk mais moderno, ou mesmo são bastante hard-rock, como Aqualung.

A formação deste disco traz Ian Anderson (vocais, flautas, violão, bandolim, e na faixa Jack-in-the-Green ele toca todos os instrumentos), Martin Barre (guitarra, alaúde), John Glascock (baixo), John Evan (piano, órgão, teclados), Dee Palmer (piano, órgão, teclados), e Barriemore Barlow (bateria e vários tipos de percussão). Sendo que Anderson é praticamente o espírito da banda, e Martin Barre o som de praticamente todas as guitarras de sua trajetória.

Ian Anderson nasceu em Dunfermline, na Escócia, de mãe inglesa e pai escocês, e dos três aos doze anos de idade foi criado em Edimburgo, e depois a família se mudou para Blackpool, onde ele estudou Arte no Blackpool College of Art.

Sua primeira influência musical foram os discos de Big Band de Jazz de seu pai, e sua facilidade para aprender a tocar instrumentos o levou, de maneira autodidata, a se tornar um multi-instrumentista além da flauta transversal, tocando vários outros tipos de flautas, violão, gaita, teclado, baixo, bouzouki, balalaika e saxofone.

Além dos 24 discos de estúdio do Jethro Tull (de 1968 até 2025), Anderson tem também 6 trabalhos solo, e múltiplas colaborações e participações. E ele ainda está na ativa, com 77 anos de idade.

CURIOSIDADES

Jethro Tull, que inspirou o nome da banda, foi uma pessoa real, um agricultor inglês que, no século 18, inventou a semeadora mecânica – entre outras contribuições relevantes para o setor. O nome foi sugerido pelo agente da banda.

Eu tive o prazer de assistir um show do Jethro Tull no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, na segunda metada da década de 80 – e, até hoje, é um dos melhores shows de rock que eu já vi. Famoso por suas encenações no palco, Anderson não perde uma nota, nem no vocal e nem na flauta, mesmo quando fica em sua pose característica em apenas em um pé só, com a outra perna dobrada de lado. A última nota da última música da noite, viu Anderson se jogando estirado no chão, e sendo levado embora do palco por enfermeiros em uma maca – tudo parte de sua excelente presença de palco, e da célebre frase “Too Old to Rock’n’Roll, Too Young to Die” (título, inclusive, de um disco seu de 1976), que expressa bem seu estilo bem-humorado… rs!

Por conta da visita da banda, Anderson foi entrevistado no Programa Jô Soares, onde disse que, através de sua filha, ficou sabendo que tocava flauta tudo errado – isso porque ele, sim, toca flauta tremendamente bem! Mesmo ao vivo!

Porém, como autodidata no instrumento, já foi muito criticado por flautistas profissionais que acusam seus erros técnicos e seu som dito “sujo”. Pura dor de cotovelo.

Em 1987, a banda lançou Crest of a Knave, que ganhou controversamente o Grammy de Melhor Performance de Hard-Rock / Heavy Metal, superando a banda Metallica. A controvérsia é que, mesmo o álbum sendo muito pouco ‘hard-rock’, foi dessa maneira votado – e, como resultado, Anderson declarou que flauta era sim um instrumento de ‘metal pesado’, e que teve várias horas em que eles tocaram seus bandolins “em volume muito alto”… rs!

Mantendo o bom humor, em 1992 o Metallica realmente ganhou o Grammy, e seu baterista declarou: “Temos que agradecer ao Jethro Tull por não ter lançado nenhum disco este ano”.

Songs From the Wood ocupa o 76o. lugar na lista dos 100 Melhores Discos de Rock Progressivo, da revista inglesa Prog, e 520o. lugar da lista dos 1000 Melhores Discos de Todos os Tempos, do escritor e jornalista de música Colin Larkin.

Para quem é esse disco? Para todos os fãs de Jethro Tull, para os fãs do tempero do folk e medieval britânico, daquilo que faz essa banda soar absolutamente única. É uma linda viagem, onde você sai leve e feliz – e imaginando como um bom show intimista com a banda tocando o disco de cabo a rabo, seria uma experiência inesquecível. Songs From the Wood é um daqueles discos que não têm uma única faixa ruim.

Prensagens boas? As prensagens originais, ou seja, a britânica, alemã ou americana, de 1977, são as mais bem cotadas se forem encontradas em bom estado e por preços decentes. Desses mesmos países, muitas reprensagens dos anos seguintes são bem boas também. Já em 1977 houve a primeira das várias prensagens japonesas – que é o ‘Santo Graal’! A primeira prensagem moderna, em 180 gramas, ocorreu em 2017, pelo próprio selo Charisma – e todos sabem que eu tenho o pé atrás com as prensagens ‘atuais’, preferindo as originais de época.

Um julho muito musical a todos!

Ouça um trecho de Jack-in-the-Green, no YouTube.

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